Estamos vivenciando uma época de grandes mudanças no comportamento humano. Sinceramente, acho que é uma ousadia de minha parte, ter a coragem de escrever sobre assunto tão complexo, só abordado pela elite intelectual, os renomados escritores e pensadores, e também por psicoterapeutas e psiquiatras. Mas, vamos lá. Topo o desafio a que me propus. Vou fazer uma síntese de alguns comportamentos e tentar satisfazer os mais exigentes, mencionando algumas áreas que acho importantes, nas quais o comportamento humano tem havido mais mudanças: convívio social, violência, respeito aos idosos, valores morais, etc.
Na opinião de especialistas e estudiosos, existem muitas variáveis do comportamento humano que seriam necessárias muitas páginas para, pelo menos, abordar o assunto por inteiro por essas variáveis. São tantos e rápidos os acontecimentos no mundo e cá na nossa terra, que uma mudança atropela outra. Em primeiro lugar é necessário que se entenda as razões que levam a essas mudanças que repercutem em ações realizadas por pessoas ou ao contrário, as ações das pessoas geram conseqüências produzindo mudanças em nosso meio.
Com relação ao convívio social, o psicoterapeuta Augusto Cury, disse em recente entrevista que “O bombardeio de informações e atividade intelectuais gerou uma sociedade ansiosa, que sofre por antecipação”
Disse mais o renomado escritor: “O excesso de informação, de trabalho intelectual, de atividades diárias, de preocupações e excesso do uso de smartphones e games, isso tudo estimula fenômenos cerebrais e inconscientes que acessam a memória com uma velocidade nunca antes vista. Costumo chamar um desses fenômenos de autofluxo. Ele tem como objetivo acessar a memória milhares de vezes para trazer imagens mentais e pensamentos. Com o excesso, a mente humana fica superexcitada e acaba sofrendo um desgaste sem precedentes. A sociedade moderna, consumista e rápida, nos faz adoecer coletivamente. Nos tornamos reféns de nossa mente”
Com o aumento populacional as relações humanas, tanto familiares como profissionais, se deterioram em conseqüência da agitação acima referida, gerando muita ansiedade, criando o que o psicoterapeuta Augusto Cury denomina de “síndrome do pensamento acelerado”. Toda vez que hiperaceleramos os pensamentos, a emoção perde em qualidade, estabilidade e profundidade. É necessário um controle rígido das emoções, para evitarmos uma conseqüência drástica dos nossos atos.
Percebe-se muito claramente, principalmente quem tem uma idade mais avançada, uma mudança no convívio social das famílias no cotidiano. O desenvolvimento da tecnologia influencia em muito esse convívio. Ouve-se muito das pessoas ultimamente queixando-se de que não conseguem conversar olhando de frente para outras pessoas, pois elas estão de olho permanente nos aparelhos eletrônicos. Recentemente assistimos estarrecidos em um programa de TV mostrando um grupo de pessoas reunidas uma ao lado da outra se comunicando por celulares. Não conversam por palavras labiais e nem se entreolham. Dizem os estudiosos que conversando olhando para as pessoas percebe-se na expressão facial a reação e a receptividade daquilo que estamos dizendo. E assim sabemos como medir as palavras que estamos pronunciando.
Com relação a violência, esta é para mim a mais assustadora das mudanças do comportamento humano. A violência sempre existiu, mas atualmente esta se exacerbou de uma maneira tal que a população anda com pavor. Uma grande quantidade de pessoas banalizou a infração e até o crime. Nós sofremos diuturnamente um bombardeio de noticias pelos meios de comunicação sobre infrações e crimes cometidos. São estarrecedoras e inacreditáveis as cenas e os relatos de violência nos jornais que até bem pouco tempo eram inimagináveis.
Não sou sociólogo, mas leio e pesquiso frequentemente os experts no assunto. Alguns mencionam, entre outros fatores, a urbanização acelerada, que traz um grande fluxo de pessoas para as áreas urbanas e assim contribui para um crescimento desordenado e desorganizado das cidades. Colaboram também para o aumento da violência as fortes aspirações de consumo, em parte frustradas pelas dificuldades de inserção no mercado de trabalho.
Por outro lado, o poder público, especialmente no Brasil, tem se mostrado incapaz de enfrentar essa calamidade social. Pior que tudo isso é constatar que a violência existe com a conivência de grupos políticos influentes, pelo menos é o que dizem especialistas da área. A corrupção, uma das piores chagas brasileiras, está associada à violência, uma aumentando a outra, faces da mesma moeda.
Em referencia ao respeito aos idosos, esta é uma mudança de comportamento séria e preocupante. Há pouco tempo na minha coluna que mantinha em O Jornal, mais precisamente na data comemorativa ao dia do idoso – 1º de outubro – mencionei o regramento contido na Lei 10741 (Estatuto do Idoso), como deve se comportar a família, a comunidade, a sociedade e o Poder Público em relação ao bem estar do idoso, inclusive com advertência de responsabilidade da inobservância das prescrições ali elencadas. Diga-se de passagem, acredito que menos de 15% (quinze por cento) da população conhece esta Lei.
Ora, analisando-se a situação de fragilidade de um idoso, com todas as suas limitações que lhe impõe a idade, como seres humanos, não haveria necessidade de uma lei para que se prestasse ao idoso a atenção necessária que a situação exige. Chamou-me a atenção em particular o escritor, romancista e novelista MANOEL CARLOS, em recente entrevista a uma importante revista semanal, respondendo a uma pergunta do jornalista sobre a questão do idoso, disse: “quando morei em Nova York, fiquei admirado de ver como os idosos são respeitados. Ao atravessar a rua ou entrar num restaurante, o tratamento é de uma civilidade fantástica. Eu comentava com minha mulher: – “Imagina se fosse no Brasil”. Aqui, ninguém liga: você vai ao banco e flagra um office-boy de 16 anos na fila dos idosos. Nos Estados Unidos, o sujeito que faz isso é preso. A nossa tolerância com as pequenas contravenções deixa os americanos abismados. E é mesmo inaceitável”.
Agora, vou me referir aos valores morais. A cada dia que passa mais me espanto com o comportamento humano. Essa espécie em eterna mutação, vazia de sentimentos e ações que as faça progredir. É visível a todos nós a maneira como se comportam as pessoas em relação a moralidade dos costumes.
Desde que comecei o entendimento das coisas, foi-me ensinado pelos meus pais o que deveria ser certo e o errado. Com o passar dos anos fui constatando que as pessoas faziam exatamente isso. Claro que na população em crescimento haveria alguns que cometeriam alguns deslizes aqui e ali. Mas a regra era fazer tudo certo. Antes de mais nada, valor moral pode ser definido como “respeito à vida”, não apenas a vida individual mas sim a vida coletiva, já que vivemos coletivamente, dependendo uns dos outros.
A última pesquisa de IVH (Índice de Valor Humano) mostrou que na opinião dos brasileiros, de forma geral, o que é necessário mudar no Brasil para a qualidade de vida melhorar de verdade é em primeiro lugar, a educação, seguida de política pública, violência, valores morais e emprego. Já no Estado de São Paulo houve uma variação em relação à opinião nacional, ficando valores morais em primeiro lugar.
Então este é um comportamento importantíssimo para a nossa população. Hoje em dia constata-se uma inversão de valores. Lendo uma estudiosa e pesquisadora do assunto, Tábata Larissa, em um artigo produto de seus estudos, disse: “Mas por que os valores morais são tão importantes na sociedade? Ora, eles são os responsáveis pela manutenção da ordem entre as pessoas, sendo inclusive ensinados desde o berço. É fácil imaginar em que situação o mundo se encontraria atualmente caso o homem ignorasse as leis formuladas a partir dos conceitos de ética e moralidade. É certo que o homem possui o direito de ter sua liberdade de expressão e escolha, porém tudo é passivo de limites. Caso contrário, diante de quaisquer adversidades que surgissem em nosso caminho, retornaríamos ao nosso estado primitivo e resolveríamos todos os problemas de maneira antiquada, desprovida de ética e moral, como fazem os criminosos, notadamente não seguidores dos valores morais. Em síntese, valor moral além de ser um instrumento indispensável para o bom funcionamento da sociedade e integração dos indivíduos nela, também significa respeito à vida. À nossa vida e à vida das pessoas ao nosso redor”.
Tenho ainda algumas questões a serem analisadas e expostamente colocadas oportunamente para que as pessoas que gostam de lê, ou se interessem pelo assunto e não dispõem de tempo, mas gostam deste blog, possam apreciar e até mesmo ter um senso critico para que se pensasse todas essas questões que são, no meu entendimento, de suma importância para a coletividade.
Carlos Magno da Veiga Gonçalves, notário
One Response
Acelêza, Carlos Magno sempre lúcido e preciso nos seus artigos. Uma grata surpresa e um excelente colaborador para o blog!