São 1.500 kms de extensão. É o maior e mais importante rio do estado, cujas águas abastecem dezenas de cidades, incluindo São Luís, onde 75% da população consomem água potável que sai do velho Itapecuru.
O mais importante, pela lógica, deveria ser o mais bem cuidado, mas não é isso que ocorre. Ao longo de seu percurso cada município, banhado por essas águas, o degrada à sua maneira.
A mata ciliar dele no município de Codó está devastada pelos vazanteiros. Pequenas plantações estão por toda parte mesmo no perímetro urbano.
“É muito triste ver a situação das margens do nosso rio Itapecuru não serem preservadas por nossos conterrâneos aqui da região”, reclamou o funcionário público Raimundo Ribeiro
AREIA POR GERAÇÕES
A extração de areia é outra atividade considerada danosa ao leito. Existem dragas trabalhando dia e noite e homens que fazem isso de forma manual. Quando os mais velhos vão deixando o serviço, outros jovens vão assumindo.
Diego Almeida acaba de completar 18 anos e já passa o dia na água com sua canoa.
“eu tava casando serviço, achei aqui (…)QUANTOS REAIS POR DIA VOCÊ RECEBE? Por dia é R$ 10”, justificou
ASSOREAMENTO
O rio mostra longos sinais de que pede socorro. Há pontos onde o leito se dividiu em dois, noutros ilhas (bancos de areia) se formam onde antes a água corria perene.
O estudante Lucas da Silva, ver e se preocupa. Reclama que nas escolas, onde um trabalho de conscientização poderia ser permanente para formar novas gerações de preservadores deste patrimônio, poucos se dão conta de tal necessidade.
“professores e alunos, a escola em geral caba deixando isso de lado e assim causando um dano maior (…) como todo mundo sabe o rio é uma fonte de vida, por ser água (…) eu acho que se não cuidar isso, com certeza, será um sério problema à toda população de Codó”, reclamou Lucas
A PESCA
Talvez seja porque nem todos já experimentaram os problemas que a pescadora Maria do Milagres Lira já conhece a bastante tempo.
Ela viveu o tempo em que ir para casa após uma pescaria no Itapecuru era momento de alegria, após tanta degradação, tudo mudou.
“cansei de sair aqui com o cofo, umas dez horas, nove e meia, era com o côfo era na cabeça, cheio de peixe, piau, dourado, grajiola aqueles peixes que parecem jacaré…E HOJE? Hoje é só mesmo a cegueira, quando pega um peixinho é de seis horas em diante umas duas cabecinhas velhas e pronto”, disse
Mesmo, praticamente, sozinho nesta luta por existência o Itapceuru segue valente com suas águas servindo da forma como ele ainda pode, possivelmente ainda a espera de ajuda.