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Ouve-se e lê-se, já há algum tempo, na mídia nacional que houve uma transformação na classe social menos favorecida no país, (classe D e E) com a subida das famílias, para uma classe superior, com o aumento da renda per capita, (somando todas as fontes) ou mesmo com renda mensal que a ascendeu, beneficiada principalmente com o programa Bolsa Família, e com outros programas sociais desenvolvidos pelo Governo Federal, dentre outras melhorias no setor produtivo. Com essa transformação houve um aumento acentuado da classe média, cujos números são repassados pelo IBGE, que totalizam 50,5% da população brasileira.

Carlos Magno da Veiga Gonçalves
Carlos Magno da Veiga Gonçalves

Segundo o IBGE, os números indicam que ocorreu uma considerável mobilidade social nos últimos anos: entre 2004 e 2010, 32 milhões de pessoas ascenderam à categoria de classes médias (A, B e C) e 19,3 milhões saíram da pobreza.

O IBGE informa ainda, que não se pode dizer que o país tenha mudado da noite para o dia. A modificação resulta de múltiplos fatores, da estabilização de preços às mudanças demográficas, da educação ao mercado de trabalho. Esta é uma tese muito complexa pois envolve diversos fatores, tanto geográficos como cultura, educação, saúde, etc.

Temos informações da mídia que os 94,9 milhões de brasileiros que compõem a nova classe média corresponde a 50,5% da população – ela é dominante do ponto de vista eleitoral e do ponto de vista econômico. Detêm 46,24% do poder de compra (dados 2009) e supera as classes A e B (44,12%) e D e E (9,65%).

Devemos comemorar esses números por serem auspiciosos, e saudamos essa nova classe média, composta de pessoas trabalhadoras, que contribuem para o desenvolvimento do país, aumentando o consumo, pagando mais impostos, e assim, abrindo um novo ciclo de progresso.

O que eu e muitas outras pessoas não conseguimos entender é o que vem apregoando a professora e filósofa Marilena Chauí, quando ela diz que não existe a nova classe média no Brasil, contrariando o que vem dizendo sistematicamente o Governo Federal, que detém todos os dados reais.

Ela afirma com todas as letras: “Eu odeio a classe média!”, bradou a filósofa e professora da USP em uma palestra em maio, causando furor na direita e perplexidade em parte da esquerda. “A classe média é uma abominação política porque é fascista; é uma abominação ética porque é violenta; e é uma abominação cognitiva porque é ignorante. Fim”, completou.

Alguns intelectuais da esquerda marxista leninista, ficaram perplexos e confusos com essas afirmações. Perguntam, como eu, também? Somos todos nós, progressistas, também classe média? Não seria uma generalização? Ou é apenas uma provocação?

Mas para nosso conforto, a própria festejada Marilena Chauí, disse a uma entrevista ao estudante da USP João Paulo Martins que, “ideologicamente, vitoriosa é a classe média”, porque se refere a uma determinada linha de pensamento que, desafortunadamente, vem ganhando espaço no País –inclusive nessa “nova” classe ascendente que a filósofa diz que é a “trabalhadora”.

Como disse no inicio deste artigo, concordo com a Chauí apenas quando a mesma afirma que a “classe média” é “trabalhadora”. Pois vem gerando riqueza, através do trabalho, e consequentemente prosperidade. Todos nós sabemos que a mola propulsora que move este país é a classe média. O que seria das empresas, tanto industriais como comerciais, se não fossem os seus trabalhadores que constituem a grande maioria da classe média.

Inclusive, quero comentar um artigo da colunista Ruth de Aquino, da revista ÉPOCA, falando de uma festa do PT sobre o lançamento do livro “10 anos de governos pós-neoliberais no Brasil: Lula e Dilma”, mencionando que quando de sua fala histérica a filósofa Marilena Chauí desancou a “classe média”, dizendo que: “A classe média é o atraso de vida. A classe média é a estupidez. É o que tem de reacionário, conservador, ignorante. Petulante, arrogante, terrorista”, provocando risos e apupos da platéia, composta, na maioria de pessoas da classe média, inclusive com a presença do ex-presidente Lula, que ria e aplaudia a companheira radical petista, embora dificilmente concordasse, como que desaprovando o que dizia, mas mesmo assim a aplaudia, segundo a jornalista.

Para que possamos entender um pouco mais sobre classe média no seu todo, citamos o grande escritor de ideário comunista Karl Marx que afirmou: “A divisão em classes não está fundamentada nem na magnitude da fortuna, nem na da renda. O sentido grosseiro transforma a distinção de classes segundo o tamanho da carteira do indivíduo. A medida da carteira é de uma diferença apenas quantitativa, porque se pode sempre jogar um indivíduo da mesma classe contra outro.”

Melciades Penã, renomado político, pensador e historiador argentino, em seu escrito diz: “Por outro lado, tampouco a classe social deve ser confundida com a profissão. Dentro de cada classe existe uma infinidade de profissões.” Ele menciona o sociólogo e jurista russo Georges Gurvicth, que em sua carta publicada “Direitos Sociais”, disse: “São as classes que influem na escolha das profissões. Um burguês não será serralheiro ou carpinteiro. Homens de diversas profissões são iguais por serem burgueses e se tratam como tais. A burguesia reserva para si as profissões de iniciativa, de comando, de inteligência e deixa às classes populares os ofícios de execução, de obediência, de esforço físico.”

O pluralismo jurídico de Gurvitch é mais rigoroso e radical do que a maioria dos grandes sociólogos e localiza uma imensa variedade de tipos de leis em vários tipos de interações sociais que se distinguiram em seus escritos. Ele viu a necessidade de enfatizar a realidade e a importância da legislação social e dos direitos sociais, em oposição ao que ele chamou de direito individual.

A divisão da sociedade em classes “é consequencia dos diferentes papeis que os grupos sociais têm no processo de produção”, seguindo a teoria de Karl Marx. Se é o que eu entendi, ele quis dizer que o papel ocupado por cada classe que depende o nível de fortuna e de rendimento, o gênero de vida e numerosas características culturais das diferentes classes e que a classe social define-se como conjunto de agentes sociais nas mesmas condições no processo de produção e que têm afinidades políticas e ideológicas.

Em razão das transformações sociais ocorridas em nosso país, tenho lido ultimamente sobre sociologia: a ciência que estuda as relações entre as pessoas que pertencem a uma comunidade ou aos diferentes grupos que formam a sociedade. É uma ciência que pertence ao grupo das ciências sociais e humanas. O objeto de estudo da sociologia engloba a análise dos fenômenos de interação entre os indivíduos, as formas internas de estrutura (as camadas sociais, a mobilidade social, os valores, as instituições, as normas, as leis), os conflitos e as formas de cooperação geradas através das relações sociais. Estimulado por esses estudos é que me aventurei a escrever sobre tão complexo assunto.

Voltando aos dados das pesquisas publicadas, sobre a nova classe média no Brasil, tem-se como conclusão o seguinte:

Segundo pesquisa da Fractal, a nova classe média deseja cultivar respeito próprio (99,2%), ser respeitada pelos outros (99,1%), ter segurança para viver (99,1%), desfrutar da vida (98,5%), sentir que alcançou as aspirações (98,2%).

De acordo com a pesquisa de Jessé de Souza, sociólogo e professor universitário, que dotorou-se em uma universidade Alemã e também fez pós-doutorado em sociologia na New School for social research, New York, (1994/1995). A partir de 2009, Souza empreendeu pesquisa sociológica em todo o país para confrontar a tese de que havia surgido uma “nova classe média” no país. Segundo essa mesma pesquisa, chegou a uma conclusão de que o valor básico da nova classe média é a transmissão familiar da importância do trabalho duro e continuado, mesmo em condições sociais muito adversas – é a ética do trabalho. De modo geral, a nova classe média advém de família estruturada, com a incorporação de papéis familiares tradicionais.

Segundo Jessé, até poucos anos atrás, depois de quitadas as contas do mês, essas pessoas não tinham um centavo sobrando para consumir mais do que os itens da cesta básica. Hoje, colecionam sapatos, têm acesso à tecnologia e frequentam faculdades. Tudo isso graças a mudanças profundas na economia brasileira que elevaram a renda dos brasileiros. Nos últimos sete anos, essa camada da população teve um aumento superior a 40% em sua renda familiar, que hoje vai de R$ 1,1 mil a R$ 4,5 mil. Esse aumento já injetou na economia mais R$ 100 bilhões desde 2002. (Informações coletadas no IBGE)

Continuando, Jessé assim assevera: “O crescimento econômico brasileiro beneficiou tanto os setores superiores e privilegiados quanto os populares. Mas o crescimento mais dinâmico veio da “parte de baixo” da sociedade brasileira, o que mostra o efeito positivo para todos – inclusive para os setores privilegiados que ganham (e muito) com o novo quadro econômico – de políticas simples como o Bolsa Família e o microcrédito. O desafio para a transformação efetiva da “pirâmide” em “losango”, onde as camadas médias, pelo menos quanto à renda, são maiores que as de baixo e as de cima, implica manter aumentos reais do salário mínimo e aprofundar a política social.

De acordo com dados do instituto de pesquisa Data Popular, a classe C é responsável por 78% do que é comprado em supermercados, 60% das mulheres que vão a salões de beleza, 70% dos cartões de crédito no Brasil e 80% das pessoas que acessam a internet. “A nova classe média movimenta R$ 273 bilhões na internet por ano somente com seu salário, se considerarmos o crédito disponível a ela, esse montante dobra”.

Para encerrar, não poderia deixar de citar uma parte do escrito no Livro “A Democracia Brasileira no Limiar do Século XXI”, também publicado pela Fundação Konrad-Adenauer, uma obra-prima: “No último quarto de século, a exemplo do que ocorreu em praticamente todos os países emergentes, houve um intenso processo de mobilidade social vertical. Não só a mobilidade individual que constitui um campo tradicional de estudo dos sociólogos, mas mobilidade também estrutural, de toda uma camada, em decorrência de processos econômicos poderosos, como a abertura das economias, uma fase de vigoroso crescimento da economia mundial e, no caso brasileiro, o controle da inflação e a consequente expansão do crédito. Em vez dos integrantes da classe média tradicional, que apenas almejavam reproduzir o status dos pais, num universo mais ou menos estático, os da “nova” classe média têm a ambição de “subir na vida”, viver melhor, consumir mais e, portanto, aprender e se qualificar a fim de gerar a renda consentânea com essa forma de viver”.

Essa é a nova classe média que cresce a passos largos no Brasil, com fé e esperança no futuro, esperando que o próximo mandatário nacional esteja “ligado” e “antenado” com essa perspectiva de melhores oportunidades.

Carlos Magno da Veiga Gonçalves – notário

3 comentários sobre “Por Carlos Magno – A NOVA CLASSE MÉDIA”

  1. Ler os artigos do companheiro Carlos é sempre prazeroso. A nova classe média está mais focada no trabalho, nos estudos e melhor consciente de seu papel social.

  2. “Carlos do Cartório” sempre com textos bem embasados e referendados. Bom mesmo é bater um papo com ele naquela esquina da Praça do Fórum, em frente ao antigo Supermercado Popular.

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