
CODÓ: UMA CIDADE SEM PROJETO POLÍTICO
É chegado o momento crucial para a sociedade civil – isto é, a classe trabalhadora e seus movimentos independentes – pensar fora da caixa uma perspectiva histórica revolucionária que demande, efetivamente, os interesses populares e não a costumeira e incivil lógica burguesa perpetrada ao longo de nossa história.
A classe trabalhadora codoense, por sua vez, deve pressupor uma articulação que implique na força e na unidade do campo progressista e de esquerda que representa para enfrentar o clássico domínio político elitista local. É fundamental tocar na ferida ideológica e no domínio político burguês.
Diante dessa urgência histórica, insurge a incômoda interrogação que deveria nortear os rumos políticos do campo progressista: por quanto tempo ainda, a classe popular codoense permanecerá no anonimato no processo de luta política? Quando deixará de ser meramente a peça coadjuvante do xadrez político sob o domínio da classe dominante para, definitivamente, acordar dessa ilusão e, de fato, se constituir numa alternativa revolucionária, sendo o motor protagonista dessa luta? Portanto, a classe popular tem que envidar esforços para legitimar suas aspirações apoiando um candidato que esteja sintonizado com suas lutas e promova a histórica reparação produzida pela insensibilidade social burguesa; ou seja, a classe popular tem que se viabilizar como processo decisório para incluir a maioria nas políticas públicas de maneira democrática, aberta e transparente.
Partindo desses pressupostos fundantes para a formulação conceitual de uma nova opção política à comunidade codoense, a classe popular tem que acreditar em uma utopia e numa esperança capaz de alentar seus interesses históricos. A burguesia codoense já comprovou que não tem vontade política para provocar um desenlace moderno que priorize e modifique a realidade socioeconômica da classe popular. A história comprova esse fato inconteste.
Há, evidentemente, de se descontruir o discurso pontual que a classe dominante tem se sustentado no poder por todo o tempo.
Portanto, ao longo de nossa história a classe dominante tem se apoderado do aparelho de estado local – paço municipal – disseminando um discurso com suporte ideológico na sistémica tríade politica: renovação, desenvolvimento econômico e transformação social. E, na prática, não ocorre nenhum processo de mudança estrutural!
DA TRÍADE POLÍTICA À NEGAÇÃO DAS POLÍTICAS PÚBLICAS
Essa sistémica tríade política constitui o caldo cultural para o domínio político da elite codoense por intermédio de seus agentes políticos, igualmente, burgueses e conservadores.
Nossa cidade completará 128 anos de emancipação política. E durante todo esse percurso histórico, se verifica os agentes políticos que comandaram e comandam a administração pública, notadamente são os homens pertencentes à alta burguesia; nossa cidade nunca teve um Chefe do Executivo oriundo da classe popular.
A atual estrutura de poder deve e tem que permanecer – é intocável, o poder político para os de classe inferior, mesmo sendo um sujeito competente e hábil para o oficio – como sempre foi: sob o domínio da classe dominante. O poder político é coisa para os homens de negócios e, por conseguinte, a classe popular não está à altura dessa importante e complexa tarefa que é o ato de administrar a res pública.
A democracia é um pilar fundamental para a compreensão da alternância do poder político instituído. E essa tensão – ou seja, a luta política, a disputa pelo aparelho de estado local tanto no Legislativo quanto o Executivo – tem que ser apropriada pela classe popular para configurar suas ideias, propostas e defender seus interesses por meio do processo eleitoral. Melhor ainda, optar por uma liderança que seja comprometida com as lutas sociais e populares.
Para a classe popular desentranhar a classe dominante do aparelho de estado será necessário um esforço incomum e muita união, pois existe toda uma cultura de cooptação e subordinação e, também, de suborno no interior desse processo que, para desmontá-lo levará tempo, estabelecendo-se, por sua vez, uma ruptura política radical em relação a essa luta incessante!
Outro elemento que tem prevalência no processo eleitoral é a narrativa de que quem tem capital é que sempre vence as eleições. Sobre esse ponto, digo que: nem sempre o que brilha é ouro!
Portanto, para ser gestor público não é preciso ser um homem rico e/ou multimilionário; mas, apenas ter uma plataforma de governo e executa-la copiosamente, quando alçar o poder.
Ora, o pretenso candidato conservador detentor de um fluxo de capital exponencial, caso vença as eleições em que disputou a cadeira do Executivo, não vai investir na gestão pública seu capital. A gestão pública possui seus próprios recursos. Por exemplo, a gestão de Francisco Nagib, ministrou durante seu mandato a vultosa cifra de R$ 1.139.786.734,73 (um bilhão, cento e trinta e nove milhões, setecentos e trinta e quatro reais e setenta e três centavos), enquanto o atual prefeito Zé Francisco projetou para o seu mandato uma bagatela de R$ 1.698.390,16 (um bilhão, seiscentos e noventa e oito milhões, oitenta mil, trezentos e noventa reais e dezesseis centavos). Como se pode ver, a prefeitura consegue sua própria arrecadação de recursos por meios de impostos, taxas, licenças e transferências legais, além de estabelecer convênios com o Estado e a União – Transferências Discricionárias.
Por tudo isso, conclamamos a classe popular para, com sua força e união, determinar o futuro de nossa cidade, pensando uma perspectiva revolucionária, democrática, aberta e transparente apostando em candidatos do campo progressista e libertários!
Pensemos nisso! Uma nova Codó! Um novo tempo e um novo homem público popular!
4 Respostas
E a ida do Chiquim FC pro PT?
Distinto “Sayão”, não é a mim que deves interrogar, mas sim, os membros atuais do partido!
O que tenho a ver com essa decisão?
Permita-me atualiza-lo sobre o PT:
1. Fui, é verdade, o fundador deste partido em Codó, no final da década de 1980 e inicio da de 1990;
2. Devido a minha forte e articulada luta no partido, me tornei a principal referência. Por isso mesmo, quando alguém cita o nome desse partido, a primeira pessoa a ser lembrada sou eu. Sou uma fusão entre o partido e minha vida social que até os dias atuais carrego essa identificação – exatamente por esse forte vínculo ideológico. Neste sentido – a ideologia – ainda é a minha grande bandeira.
Nunca fui de fazer conchavos, muito menos me coloquei como mensageiro da classe dominante codoense; sempre estive numa posição radicalmente contra a presença desses membros burgueses no partido, e sofri muitas críticas por parte daqueles que entendiam que esse gesto constituía-se numa grande aquisição para o partido.
3. Em decorrência de divergências internas com grupo conservador majoritário, foi expulso em 2010 do quadro partidário – por ser um homem coerente, honesto e integro – historicamente, mantive e mantenho minha unidade de luta e conservando meus princípios, sem ser oportunista, mas, absolutamente, arrojado contra a cooptação desavergonhada.
4. Portanto, não tive nenhuma participação nesse processo tão contraditório e claramente oportunista!
5. Sou um homem grande! Não troco minha liberdade, autonomia, independência por atos desabonáveis.
6. Por fim, o PT há muito deixou de ser a força crível no combate aos desmandos e tornou-se meramente um partido da conciliação e do consentimento ao capital.
Saudações democráticas!
Se a ida de Chiquin para o PT se concretizar, sela antecipadamente a derrota dele, prevista de longe.
Não acredito nisso.
Distinto Sayão, bom dia!
Conforme descrevi acima, em resposta à vossa indagação, que o PT já não é mais aquele partido de outrora, da luta radical e, sim, “se tornou um partido da ordem”, administra o sistema financeiro global sem romper com a estrutura de poder; porém, tem o cuidado de estabelecer acordos que, a priori, atende às políticas neoliberais vigentes e, garante uma política assistencialista para acomodar os necessitados (os maltrapilhos, deserdados economicamente) por meio de políticas compensatórias – como é o caso do maior programa social como o Bolsa Família. Portanto, o PT, em linhas gerais, deixa de ser o partido da ‘mudança estrutural’ e sofre um processo de metamorfose interna transformando-se em um novo instrumento para barganha eleitoral. Nesse sentido é sintomática e pertinente a vossa inquietação ao afirmar que a entrada do “Chiquim para o PT”, “sela antecipadamente a derrota dele, prevista de longe”.
Saudações democráticas!