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Professor Jacinto Júnior

UMA ANÁLISE SEMIÓTICA SOBRE O VOTO CONTRÁRIO À EDUCAÇÃO 

“(…) a razão nos dá a capacidade de análise, enquanto o coração a de participar” (Pedro Demo; Saber Pensar, p. 35).

Pasmem! Pasmem!

O santuário político – a decantada “Casa do Povo” que é ovacionada a plenos pulmões pelos edis como o local de acolhida a quem não tem voz e vez, onde a democracia reina plenamente e a tolerância comporta a divergência e o direito; além de carregar a fama de conviver com a urbanidade na indiferença -, antes de ontem (10 de outubro de 2023), fora cenário de um verdadeiro misto de contradição e sórdido desprezo à educação.

Não tenho a pretensão de abordar a especificidade da ciência semiótica, mas, literalmente, trazer a lume, minhas impressões sobre esse trágico dia que ficará registrado nos anais da “Casa do Povo” e, também, na história como um dos dias mais triste para a comunidade educacional.

Antes de adentrar propriamente no fato transcorrido na “Casa do Povo” que culminou na rejeição do projeto encaminhado pelo SINTSERM com a proposição de redirecionar a aplicação dos recursos dos precatórios – pois, há um Plano de Aplicação elaborado pela SEMECTI em que não respeita a determinação legal -, reivindicando os 60%; sinto-me no honroso dever de mencionar de maneira singela e profunda, alguns apontamentos tendo como fulcro o elemento educação e, assim pondero:

O legado educacional se constitui a ponta do iceberg para a verdadeira promoção da cidadania humana. É na educação que se pode desvendar o mundo e fazer sua mais completa leitura/releitura de forma dialética e com autonomia intelectual – ou seja, a escolarização do homem ante o mundo e a sua capacidade teórica para transforma-lo coletivamente.

A educação, por seu turno, não pode ser considerada um objeto descartável e, muito menos, desvalorizada. A educação é a pedra angular que liberta o homem da alienação e do mundo obscuro. Talvez ai resida, toda temeridade do sujeito inepto em relação ao apto e escolarizado; portanto, é isso que a educação proporciona: o desenvolvimento cognitivo do sujeito no contexto, interpretando textos, e avaliando contingências conjunturais-históricas.

O fato engendrado pelo voto contrário ao projeto encaminhado à “Casa do Povo” pelo SINTSERM, resultou numa atitude pantomímica dos edis que, naquela sessão, representava/simbolizava a vontade expressa do gestor em negar o rateio dos precatórios.

Diante desse inoportuno ato – o da rejeição do projeto – inicio minhas considerações estritamente política e de forma preliminar.

A luta pleiteada pelo movimento sindical não continha nenhuma razão contraditória e/ou desalinhada daquilo que está assentado na lei: um direito líquido e certo!

A postura arregimentada pelo bloco (dominante) da situação esquadrinhou a linha tênue da recusa ao projeto e apontou para o escárnio e a falta de compromisso alicerçado no mais costumeiro e infame estereótipo da subordinação ao poder executivo – escrito com letra inicial minúscula mesmo, para demonstrar a verdadeira estatura/envergadura de quem comanda o poder.

Quando o projeto recebera o apoio dos edis subordinados ficou caracterizado que a história seria mais uma vez, testemunha de um novo holocausto: a cretinice pululante.

É possível sim, perceber nas entrelinhas desse ato deliberado e condicionado, o apego ao poder e, para permanecer atuando como agente político é capaz de se curvar aos próprios interesses e renegar a comunidade educacional como parceira.

Esses edis perderam qualquer sentimento de pudor, serenidade, compromisso, urbanidade, moral e ética. A notória “Casa do Povo” fora transformada num “Corcunda de Notre Dame” – ou seja, ela fora completamente deformada pela cobardia simétrica e a omissão proposital irretratável.

O martelo da história será implacável com quem tenta burlar o legítimo direito natural do cidadão e/ou de uma categoria. O martelo da história é um signo imparcial, não entra em contradição, não possui nenhuma relação social protecionista, não adota a estratégia da negociação como arma decisiva para suplantar a defesa de outrem mesmo com a razão; por fim, o martelo da história fará justiça por ser impiedoso, ele não se doará por eventos efêmeros. Seu único trabalho será o de infernizar – i. e., martelar o cérebro de toucinhos de modo sistêmico.- a vida daqueles que cometem heresias e assumem falsa identidade política, traindo a causa dos professores e, por consequência,da comunidade como um todo.

Os inimigos e inescrupulosos edis que votaram pelo soterramento dos direitos legais dos profissionais da educação. Eis a lista completa: 1.Waldek Frota, 2. Rômulo Vasconcelos, 3. Dedé do Garimpeiro, 4. Galiléia, 5. Anderson da Trizidela, 6.  Zé Mendes, 7. Max Tony, 8. Lêda Torres, 9. Domingos Reis, 10. Gracinaldo Bezerra, 11. Antonio Luz.

Ao promoverem essa negativa revelou-se a incivilidade, a peculiar mediocridade; o incisivo descompromisso para com a classe educacional apontando de maneira incrédula, sua pequenez intelectual diante de uma temática de suma importância para a valorização da categoria.

P.S: Houve a ausência do edil “fujão” (Nelson Júnior), que tentou justificar-se com uma viagem para Caxias. Mas, isso, não o isenta de sua omissão!

 

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