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Somos herdeiros de um mal, na era pós-moderna, chamado: Politicamente Correto. Ele nasce no século XX, em meados da década de 90, de uma mistureba da ideologia esquerdista, no intuito de acabar com o Estado de direito e a igualdade perante a lei.

Os paladinos do politicamente correto, “mais bem-intencionados”, desejam que suas ideias particulares sejam tratadas como reparação histórica. Hoje não é mais conveniente chamar o negro de crioulo, chama-se afrodescendente. Gay não é mais gay, agora, é homoafetivo. E, cuidado, qualquer ideia oposta sobre o primeiro item citado significa racismo, o outro, homofobia. Cadeia na certa.

O australiano Robert Hughes, crítico de arte, definiu essas ações como “cultura da reclamação”, nos paises ricos, e nos paises pobres, “excluídos militantes”. O resultado de tudo isso é simplesmente o enrijecimento do Estado suplantando a liberdade individual.

Outro dia, ouvi uma notícia que pretendem colocar nos livrinhos infantis o saci “sem cachimbo”, que ridículo. A intenção deles é tirar a imagem do saci associada ao cachimbo, eles justificam que nossas crianças cresceriam predispostas ao fumo. (risadas…)

E o que falar das antigas canções de ninar, onde os pais embalam seus filhos para o caminho de um bom sono? Não é mais aconselhável cantar “atirei o pau no gato”, deve ser “não atirei o pau no gato”. Alegam que a música, que sempre teve um sentido de diversão, é uma ode à violência.

Na China (eu sempre gosto de falar da China), o governo estaria alterando os livros de história para que a Revolução Cultural Chinesa saísse da memória dos jovens doutrinados pelo sistema. Um regime comunista que cometeu, naquele país, uma das maiores atrocidades do século XX. A consequência disso pode ser medida pelos corpos.

O romancista inglês George Orwell, em seu livro “1984”, conta a história de um homem que trabalha alterando os arquivos históricos de um país, almejando transformar o pensamento das pessoas, em busca de uma harmonia social. George Orwell previa o futuro, ele escreveu esse livro no ano de 1948, pós-segunda guerra. Esse romance expressa os medos de uma sociedade de forma exacerbada. Essas atividades são sempre perigosas porque as utopias carregam a ideia de fazer da terra um paraíso, um bem estar social. Mas o que elas acabam criando, na maioria das vezes, são infernos totalitários.

O cidadão não pode deixar que sua vida seja regida sob a batuta de um Estado paternalista, controlador da vida pessoal e familiar de todos nós. Igualdade? Justiça? Verificação histórica? Não. Eles querem solapar as bases constitucionais, querem que suas vontades mais íntimas homogeneízem o que temos de mais interessante: “As nossas diferenças”.

Não se pode fazer uma reparação histórica objetivando a felicidade. Nunca existirá felicidade social porque os nossos valores são sempre conflitantes. Pensamos diferentes, então a felicidade desmancha-se no plural.

Liberdade é a melhor forma de se viver socialmente, pois liberdade é sinônimo de tolerância. Numa sociedade de tolerância não existe o dono da verdade, e um número significativo de pessoas conseguem conviver com suas divergências. Só a tolerância nos da capacidade de convivermos com as diferenças dos outros. Tolerância é respeito. Entre felicidade e liberdade eu escolho à segunda, escolho a liberdade.

(Kleber Santos)

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