O novo momento do programa Repórter Mirante – reconhecido nacionalmente e vencedor de prêmios por inovação e qualidade jornalística – foi possível após a adesão da TV Mirante à radical mudança na forma de transmissão de imagens, em alta definição, ocorrida em 2010. Além de uma produção de texto verbal competente, nas mãos da equipe de editores e produtores, os repórteres cinematográficos captam por meio de câmeras de avançada tecnologia detalhes que esmiúçam as paisagens de terras maranhenses, que revelam as marcas da vida nos rostos dos personagens e revelam com um som perfeitamente captado o movimento da realidade.

Antes de chegar ao atual momento de complexidade e qualidade, o Repórter Mirante passou por uma evolução e por um momento inicial de busca pela identidade do Maranhão, enfrentando dificuldades de um estado ainda inexplorado e desconhecido por ele mesmo. O programa foi criado em 1999 pelo jornalista Rômulo Barbosa, que na época era diretor de jornalismo da emissora.
A proposta inicial era conhecer a terra e para isso foram muitas viagens e 15 anos de olhares sobre as paisagens de uma região marcada pela diversidade natural, cultural e antropológica, mediante uma atitude etnográfica, que caracteriza o jornalismo de descoberta.
A ideia era chegar a alguns lugares mais distantes e iluminar muito do que à época se desconhecia totalmente ou apenas se sabia relatos escritos e orais. O Repórter Mirante se transformou assim ao longo dos anos em uma referência, reconhecida pelos telespectadores da emissora, que passaram a apreciar mais da realidade regional.
“Muitos programas gravados foram levados a salas de aulas por professores que pediam cópias das imagens captadas. Eram professores de geografia, história, biologia e de outras áreas. Eles passaram as nos procurar”, explica a chefe de reportagem da TV Mirante, Eveline Cunha, que foi a primeira editora do informativo.
A grande diferença do Repórter Mirante para os demais programas era o tempo. Diferente das reportagens rápidas e diretas do noticiário no jornal diário, o programa era um verdadeiro documentário sobre as terras maranhenses. Inicialmente, o tempo de duração era de aproximadamente 1 hora, mas foi reduzido para os atuais 25 minutos (em média), no qual os temas a respeito do estado continuam a ser abordados.
“Tive oportunidades de viajar com a equipe para fazer a produção do programa. Para mim, foi uma oportunidade muito boa para conhecer lados diferentes do Maranhão. Tive oportunidade de fazer uma reportagem mais abrangente, de ouvir melhor as pessoas”, recorda a chefe de reportagem.
Memória– Atualmente apresentado pela jornalista Carla Ribeiro, o Repórter Mirante é procurado por diversas pessoas que têm a possibilidade de acompanhá-lo não apenas pela televisão, mas também por meio dos computadores com o armazenamento dos vídeos nas plataformas digitais da TV Globo e TV Mirante.
Além de ser retransmitido pelo Via Brasil, na Globo News, o programa tem os episódios dos últimos anos registrados no site da Rede Globo e do portal de notícias G1 MA. “Essa foi uma forma de criar uma nova forma de relacionamento entre os telespectadores e a nossa equipe de produção, o que acaba fazendo com que o Maranhão se torne muito mais conhecido Brasil à fora”, explica o diretor de Mídias Eletrônicas do Sistema Mirante, Rômulo Barbosa.
Ele conta que o programa surgiu de uma busca de sair dos moldes das matérias jornalísticas convencionais. Era a chance de se aprofundar em um tema específico e relevante para a sociedade. “Não é um formato que inventamos, mas criamos esse espaço com o Repórter Mirante. Atualmente, ele está cada vez melhor e aprimorado. É um formato que não tem se repetido e ainda há muitas coisas novas para mostrar”, diz Barbosa.
Um dos programas mais antigos da grade alternativa da TV Mirante, o Repórter Mirante teve a participação das editoras Eveline Cunha, Simone Gratz, Márcia Coimbra e Shirley Freire. Os editores de imagens Osvaldo Leite “Surfista”, Paulo Mendonça, Rony Carlos e Carlos Alberto Ferreira (atual) foram os responsáveis pela construção narrativa do programa. Eles trabalham a partir das imagens televisivas que se confundem muitas vezes com arte, captadas pelos cinegrafistas César Hipólito, Miguel Neres, Emanuel Costa e Ubiratan Chagas.
Em tempos de renovação digital, o atual editor de imagens do informativo, Carlos Alberto Ferreira, analisa que a evolução da qualidade captação e transmissão dos vídeos foi uma transformação profunda. “Nos programas que vão ao ar para comemorar o aniversário do programa, o telespectador pode comparar as imagens e ver como a tecnologia digital, da qual dispõe hoje, a TV Mirante, é realmente um marco no jornalismo maranhense”, diz ele.
Estilo especial de jornalismo
As reportagens que vão ao ar são produzidas por quase todos os repórteres que trabalham na TV Mirante, dentre os quais se destacam principalmente dois dos mais antigos jornalistas da emissora, Sidney Pereira e Regina Souza. “Os dois têm o time do programa e conhecem já muito do Maranhão, trazendo em sua bagagem profissional uma verdadeira história do jornalismo televisão do estado”, diz Eveline Cunha.
Na visão da jornalista Regina Souza, o Repórter Mirante marcou o momento inicial de sua carreira, pois foi o fruto de uma pulsão pelo jornalismo, pela necessidade de esclarecimento dos problemas da sociedade e dos dilemas do maranhense. “De cara me jogaram para fazer o programa sobre o crime organizado. Eu dividi essa proposta com Sidney Pereira e Cristina Graeml. Foi um grande choque e uma verdadeira lição. Eu não conhecia direito o programa, mas tinha de fazer. E para a minha surpresa a editora na época, Simone Gratz, pediu que eu fizesse outro episódio e isso me deu mais incentivo”, recorda a repórter.
Para a jornalista, o programa é uma possibilidade de tratar um assunto de forma mais dedicada, o que se difere da realidade do jornalismo diário. “Profissionalmente, o Repórter Mirante concede ao jornalista uma tranquilidade – diferente da correria do dia a dia – principalmente para ouvir mais e melhor. Ele possibilita que viajemos não apenas no espaço, mas principalmente para buscar e conhecer a alma da nossa gente, que é tão generosa e cordial”, conta.
A facilidade de escolha dos assuntos, a possibilidade de se aprofundar melhor sobre um tema e transmiti-lo ao telespectador de forma mais completa são as características essenciais do programa para o jornalista Sidney Pereira. “Por ser pensado para primeiramente exibir as belezas do Maranhão, trata-se de um trabalho bem fácil de fazer porque o Maranhão é lindo. Para onde quer que a gente vá, a gente sempre vai encontrar algo bonito para mostrar. Principalmente, as coisas que o estado tem de melhor que é o seu povo. É saber dar uma olhadinha direito para as pessoas. O único trabalho que dá para fazer é porque é um programa grande”, diz Pereira.
O jornalista acredita que a maior dificuldade atual é a busca por assuntos inéditos, mas que sempre há possibilidades e assuntos novos a serem explorados.
FONTE: Jornal O Estado do Maranhão