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Ontem (03/02/2014), assistindo a uma reportagem veiculada no Jornal Nacional sobre a educação japonesa, percebi o quanto a cultura e sua manutenção são determinantes para a sobrevivência e desenvolvimento de um povo. A ideia primordial que desejo inserir para ser objeto de reflexão é: vale a pena conservar valores milenares e até quando eles são realmente benéficos para seu povo?

Professor Jacinto Junior
Professor Jacinto Junior

Todos nós sabemos o que aconteceu com a ilha nipônica no século passado! Fora praticamente dizimada. Porém, aquele povo conseguiu se reerguer como fênix das cinzas e 67 anos depois se torna uma das maiores potencias econômicas do mundo! Graças a uma mística cultura que consegue transitar entre o conservadorismo e o modernismo sem sofrer quaisquer traumas.

Não pretendo aqui, fazer apologia ao capitalismo, pelo contrário, procuro captar apenas os aspectos mais úteis desse sistema para analisar o fato sob a perspectiva da responsabilidade.

A reportagem deu ênfase à educação infantil, mostrando a relação social articulada entre os educandos e as unidades escolares. Ali, nos fora apresentadas duas características bastante singulares: de um lado, a evidência de um processo de identificação (quando os novos e futuros alunos daquela escola são recepcionados), o acolhimento e, posteriormente, cada individuo aproxima-se daquele que se identificou e o conduz para a futura sala de aula em que estes, receberão os ensinamentos pedagógicos teóricos e práticos.

De outro, nota-se uma evidente particularidade: o principio da responsabilidade. Viu-se, então, todo um processo em que eles estão inseridos sem que, os mesmos se prejudiquem na relação estabelecida; ou seja, o ato de estudar não se restringe apenas ao processo pedagógico teórico dos conteúdos ministrados em sala de aula; na verdade, ele se estende para além das salas de aula e manifesta-se em ações de solidariedade, compartilhamento, compromisso, respeito e divisão de tarefas. O elemento mais significativo na relação social nipônica é a valoração do individuo.

Os educandos internos são parceiros e companheiros, realizam as tarefas tais como: limpeza, distribuição da merenda escolar, aprendizagem coletiva (onde o mais experiente se disponibiliza para ajudar o recém-chegado com dificuldades na aprendizagem e outras tarefas simples, porém, dignificantes).

Mas, de todo o processo apresentado pela reportagem o que me chamou atenção foi a capacidade de organização, o espírito de respeito e cultivo entre os atores sociais. Quando evoco a questão da formação individual do sujeito, obviamente, entro num patamar extremamente delicado, principalmente, em nossa cultura ocidental; pois, os nossos valores não são agregados e a nossa equivocada cultura não permite que os nossos pequeninos sujeitos aprendizes realizem trabalho que, amanhã os transformarão em verdadeiros homens comprometidos com sua cidadania e, particularmente, com seu país, pois, à medida que lhe é inculcada uma forma de se conduzir enquanto sujeito na relação social desde sua tenra idade, tal sujeito, perceberá que todo o processo o fez responsável e um homem consciente de seu papel no contexto social. Essa é uma vertente educacional que nós, filhos da ‘Pátria amada’, deveríamos incorporar em nosso cotidiano enquanto emissores de conhecimentos e com grande envergadura pedagógica.

Por que nossos filhos (os menos favorecidos social, econômica e culturalmente) não podem ser estimulados a executar pequenas tarefas no interior das escolas para, então, perceberem que na relação social real eles convivem e conviverão com tal realidade por toda sua vida enquanto sujeito social e realizarão tais atividades; agora, com outra perspectiva e horizonte. Mas o que acontece de verdade, nesse contexto educacional? Respondo: Por que existe a cultura da resistência quando a questão é proporcionar ao educando uma nova visão de mundo e submetê-lo a um processo modelar que transfira pequenas responsabilidades. Ora, levando-se em consideração o exemplo mostrado pela reportagem, verificamos que o ato de promover a realização de pequenas responsabilidades necessariamente não se está induzindo os mesmos a um processo de trabalho escravo ou algo similar, ao contrário, estabelecer-se-á uma clara tentativa de construção de uma identidade cultural formidável para que ele se sinta co-responsável pela escola e seu patrimônio erguido.

Enquanto isso, em nossa ‘Pátria amada’ foram criados e institucionalizados alguns instrumentos que impedem essa formação cultural para a cidadania dos educandos em nossas escolas, p. e., o ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente, legalizado em 1990, como indutor e protetor da criança). O que coloco como objeto de análise é o sentido que deve ser administrado no interior da escola em relação a essa formação cultural da responsabilidade do educando enquanto sujeito polivalente e não construir uma verdadeira montanha de serviços exagerados para os pequeninos aprendizes caracterizando, desse modo, a exploração excessiva do educando (trabalho verdadeiramente escravo).

As tarefas, na verdade, são pontuais e bem simples: colaborar na limpeza da sala de aula, conservar o pátio asseado, ajudar na merenda escolar, corroborar até mesmo na Secretaria com algo documento fácil de ser manipulado (aprendido); relacionar-se com todo o pessoal da escola e não somente com o seu professor.

A cultura da resistência que permeia nossa tão frágil e inconsistente formalização social opera um processo de negação que resultará na má formação cultural de nossos diletos aprendizes e, como conseqüência, nosso futuro estará comprometido com o caos e o abandono dos valores elementares que poderia ajudar decididamente o sujeito enquanto interlocutor social independente.  A nossa cultura de resistência precisa e necessita urgentemente sofrer um abalo sísmico intelectual para restabelecer um novo campo cultural. E tal modificação deve estar associada ao conceito de responsabilidade.

A responsabilidade por sua vez, deve indicar os valores supremos que os pequeninos aprendizes incorporarão no seu cotidiano e, dessa forma, quando se tornarem adultos os mecanismos e processos sociais e pedagógicos absorvidos durante sua trajetória revelarão todo o seu potencial humano e intelectual na perspectiva de sua escolha para o futuro – como projeto de vida. E a cultura oriental por sua valoração consegue imprimir em cada indivíduo o sentimento de amor, de respeito, compromisso e de modo especial a responsabilidade. Eis o grande exemplo fornecido pela reportagem para mim, para você e para o mundo!

A verdadeira educação não consiste apenas no ato de aprender e ensinar a decifração dos códigos, dos símbolos e da representação; o ato de aprender e ensinar implica, também, a conscientização e a conscientização necessita da reflexão e a reflexão nos remete ao mundo abstrato e por intermédio da abstração é pensada e realizada a ação da descoberta daquilo que, a priori, parecia impossível ser revelado pelo pensamento. Esse é o sentido essencial da ciência filosófico-educacional. Os nipônicos são por essência a prova inconteste disto. A razão humana nunca esteve tão presente no processo de construção/reconstrução dos paradigmas mediado pela educação como hoje.

O fundamento da ciência educacional é a possibilidade histórica de transformar o sujeito em um ser revolucionário e completo em sua formação social; que domine as diversas áreas e zonas existentes no tempo histórico. Pensando desse modo, o povo nipônico circunscreve sua história considerando os valores instituídos por seus antepassados preservando-os vigorosamente.

Finalizo, afirmando: não é possível realizar uma revolução estrutural, sem antes haver a própria revolução interior do homem e tal revolução só surtirá efeito, a partir do momento em que o sujeito histórico tomar consciência de si e do mundo. E tomar consciência de si e do mundo não é meramente se reconhecer como indivíduo em-estar-no-mundo, mas, sobretudo, saber como funciona este mundo e de que forma ele permite nossa coexistência cultural.

5 Responses

  1. Acelêza, que bom seria se o Che Guevara de Shopping Center tivesse colocado suas “idéias” em prática quando esteve à frente secretaria de Educação do município. O que me consta é que sua passagem por lá foi um verdadeiro desastre, preocupado somente em receber o salário no final do mês.

  2. Acho que ninguém mais aguenta esse papo conquistador. Ta bom de fazer um blog e postar pra tentar ludibriar outros, pois essa postagem nao convém com a pessoa que escreve.

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