Em Codó, a aritmética da segurança pública parece não fechar com a realidade sentida nas ruas.
Recentemente, o comando do 17º Batalhão de Polícia Militar (BPM) divulgou um dado que, em teoria, deveria trazer alento à população: uma redução de 54% no número de mortes violentas na comparação entre os anos de 2024 e 2025.
No entanto, o otimismo das porcentagens esbarra no silêncio dos números absolutos e no barulho constante dos disparos de arma de fogo que ecoam pela cidade.
A crítica central reside na falta de maior transparência.
Ao anunciar uma queda percentual sem divulgar os números reais que servem de base para o cálculo, a Secretaria de Segurança Pública e o comando local criam um vácuo de informação.
Afinal, 54% de redução sobre qual total? Sem o dado concreto e a série histórica detalhada, a estatística soa mais como uma peça de marketing institucional do que como um indicador de política pública eficiente.
Enquanto os relatórios oficiais apontam para uma cidade mais segura, o cotidiano do codoense narra uma história distinta.
O que se vê é uma rotina de violência alimentada por dívidas de tráfico, disputas territoriais entre facções e rixas sangrentas que não escolhem hora nem lugar. Não é raro que um único fim de semana registre dois homicídios, expondo a fragilidade do controle estatal sobre a criminalidade organizada.
Essa desconexão gera uma perigosa “sensação de insegurança”. Quando o cidadão lê sobre redução, mas presencia assassinatos frequentes e convive com o medo de balas perdidas em confrontos de faccionados, a credibilidade das instituições é colocada em xeque.
A divulgação detalhada dos dados, especificando bairros atingidos e motivações dos crimes, é o primeiro passo para um debate que possa tranquilizar mais as pessoas.
Combater a violência exige mais do que cálculos percentuais favoráveis; exige encarar a realidade de que, para quem perde um ente querido ou vive sob o domínio do medo, uma estatística vazia não oferece proteção.