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Nasceu a 28 de fevereiro de 1905, em Codó, filho de José de Jesus Belfort e Maria José de Jesus, já falecidos.

Aos vinte anos de idade foi para o Rio de Janeiro, e sem demora ingressou no futebol, jogando pelo Bangu, no ano de 1926.

Fausto dos Santos - A Maravilha Negra
Fausto dos Santos – A Maravilha Negra

Em 1928, convidado por seu amigo Tinoco, foi para o Vasco da Gama, clube em franca ascensão, fator que contribuiu favoravelmente para o crescimento do craque codoense. A sua posição no campo era de Center – half. Jogando ao lado de Tinoco e Mola, esse trio constituiu-se em “uma das linhas médias mais famosas do futebol brasileiro”. No ano seguinte – 1929, o Vasco sagrou-se campeão carioca pela AMEA (Associação Metropolitana de Esportes Atléticos), e a partir daí, Fausto teve a sua consagração nos meios esportivos do Rio de Janeiro, pela sua garra e espírito criativo, com que lidava com a bola.

Dos episódios ocorridos com esse destacado atleta, durante embates inesquecíveis, vale a pena destacar alguns momentos: no campeonato de 1929, no qual o Vasco jogando sua primeira partida com o América o resultado foi o empate de 0 a 0; na segunda, o Vasco ganhava de 1 a 0, quando o juiz marcou um pênalti “cometido por Fausto, que tocara involuntariamente com a mão na bola”, terminando com o placar de 1 a 1. Por isso, o mesmo ficou revoltado com a atitude equivocada do juiz.

Embora inconformado, preparou-se exaustivamente para a terceira partida onde comandou a goleada de 5 a 0 sobre o América. Coincidência feliz porque neste mesmo ano foi instituída a melhor-de-três, o que possibilitou ao Fausto recuperar a auto-estima e aumentar o prestígio junto a torcida vascaína.

Em 1930, o atleta filho de Codó em virtude de seu excepcional desempenho do futebol “arte” – própria de seu estilo, conquistou o mérito de ser convocado não somente para a seleção carioca de futebol, como também para a Seleção Brasileira – patamar que todo jogador de futebol aspira atingir.

Na primeira Copa do Mundo, realizada em 1930, Fausto teve uma brilhante atuação. O jogo de estreia do Brasil fia a 14 de julho, jogando contra o Uruguai. Foi fantástica a sua participação; os uruguaios deliraram, diante de tanta genialidade, chegando a denominá-lo de “La Maravilha Negra”.

A partir de então, ele passou a ser um deus para o torcedor vascaíno; sua presença era exigida nos noticiários da imprensa; nos ambientes de grande frequência.

Em 1931, o Vasco excursionando pela Europa, o seu primeiro jogo foi com o Barcelona, mesmo com a derrota do seu time, Fausto conseguiu grande popularidade. No jogo de revanche, o seu prestígio aumentou, devido a vitória alcançada de 2 a 1.

No jogo do Celta da Espanha, a vitória foi do time adversário. Na segunda partida, o Celta foi derrotado pelo escore de 7 tentos a 0. Mais uma consagração para Fausto. A exemplo dos uruguaios, os espanhóis ficaram também, boquiabertos, e  cognominaram “La Maravilha Negra”.

Fausto não voltou com o Vasco. Ficou na Espanha e foi campeão com o Barcelona.

Apesar do seu grande desempenho como jogador, sofria de dois males terríveis. Um deles a discriminação racial. No Vasco, a discriminação era de maneira disfarçada; na Espanha, não, o outro mal: a tuberculose.

Deixando o Barcelona, foi para o Young Fellows, da Suíça em cujo clube jogou pouco tempo por causa do terrível mal do século, que acometera até os poetas, homens do mundo literário da época.

Liberado o seu passe, volta ao Vasco, sendo recebido como ídolo, sob os aplausos da torcida. Campeão com o seu time, pela Liga Carioca de Futebol, ao lado dos companheiros: Rei, Domingos da Guia e Itália; Mola, Orlando, Almir, Gradim (ou Leônidas da Silva), Neném e Dalessandro.

Fausto não participou da copa de 1934, na Itália, porque no regulamento da CBD, não existia a titulação de atleta profissional e sim amadorista.

Convocado novamente no ano de 1935, para as seleções carioca e brasileira. E foi numa partida da Seleção Carioca com o River Plate, da Argentina, que Fausto “viveu o seu último momento de glória”, pois tendo que marcar Barnabé Ferreyra, o temido como um touro, goleador exímio, Fausto saiu vitorioso na contenda. Essa façanha foi o bastante para Montevidéu querê-lo novamente nos seus campos de jogo. Porém os dirigentes do Nacional, muito habilidosos conseguiram o registro de Fausto, convencendo-o de que a transferência do Young Fellows para o Vasco, não recebera a chancela da FIFA.

Fausto demorou pouco no Nacional. Voltou para o Brasil, ficando sem jogar por muito tempo, mais pela ação impetrada pelo Vasco, do que devido o seu estado de saúde.

Chegou a ser contratado pelo flamengo, em 1936, mas, o treinador Kruscnher, observou a sua impossibilidade de jogar como meio campista, preferiu colocá-lo na zaga. Essa decisão, Fausto recebeu como uma humilhação. Insatisfeito acionou o Flamengo, sem êxito.

A sua passagem pelo Flamengo não foi significativa. Jogou apenas entre os reservas. A grande estrela do futebol brasileiro estava cadente, perdia seu brilho. A Maravilha Negra cumpria a sua missão nas quatro linhas de jogo. A sua última presença em campo, foi jogando com o América. Agrava-se bastante o seu estado de saúde. Travou-se uma luta terrível da morte contra a vida do nosso grande craque.

No ano de 1939 é internado no Hospital de São Sebastião, no Rio Janeiro. Em busca de melhores recursos levaram-no para Minas, onde veio a falecer no dia 28 de março daquele ano, aos 34 anos de idade.

Hoje o ilustre filho codoense, que tantas alegrias proporcionou às galeras do esporte, é lembrado através de placas em rua e praça da nossa Codó.

O prefeito Ricardo  Archer, sancionou a Lei, criando as Comendas do Município, entre elas, a Fausto dos Santos que será concedida a esportistas e desportistas, codoenses ou não codoenses.

Patrono da cadeira nº 3, do Instituto Histórico e Geográfico de Codó, ocupante Jefferson Alves de Sousa.

Codó – MA, 14 de julho de 2014.                                                             Prof. Carlos Gomes.

Sócio Fundador da Associação Cultural Codoense “Antonio Almeida Oliveira”.Transcrito do Livro Codoenses & Não Codoenses, inédito.

Uma Resposta

  1. Esta biografia devia ser transcrita nos meios de comunicações de São Luis pois o pessoal daqui não conhecem esta biografia,eles acham que o melhor jogador do Maranhão foi Canhoteiro que nunca disputou uma Copa.

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