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A raça como construção das ciências naturais já foi demonstrada por geneticistas que de fato não existe.  A raça é uma só, a raça humana. É curioso como esse conceito foi apropriado no século XIX pelas potencias colonialistas europeias e pela elite brasileira para justificar a inferioridade de negros e índios.

A esse respeito pode-se consultar uma infinidade de obras, tais como: Espetáculo das Raças (Lilia Schwarcz), Preto no Branco (Thomas Skidmore), O Reflexões Sobre o Racismo (Sartre), Relativizando (DaMatta), Negritude: Usos e Sentidos (Kabenguele Munanga), Rediscutindo a Mestiçagem no Brasil (Kabenguele Munanga), dentre obras (pela quantidade de obras a esse respeito não é possível citar todas).

Nesse momento da história do Brasil a elite econômica e a elite  política tenha convicções que o país seria branqueado, pois, o sangue do europeu que migrava para o Brasil naquele momento daria esta status ao gigante da América Latina. Claro que essa afirmação não caiu do céu e sim da ciência europeia que fundamentada no Darwinismo social tinha como certa a extensão das raças inferiores, ou seja, negros e índios.

Muitos “intelectuais” contrários ao movimento de afirmação da negritude vêm tentando desqualificar o Movimento Negro pelo uso do termo raça. Nesse caso, esses pensadores têm afirmado e como razão que raças não existem. Isso é de conhecimento do movimento negro que tem feito uso do termo raça não em seu sentido Biológico e sim com seu significado social. Aliás, a própria discussão sobre o racismo hoje nada tem a ver com as ciências biológicas é um campo de analise das ciências sociais.

No campo das ciências sociais esse termo sofreu uma mudança considerável deixando de ter um sentido restrito para ter um sentido mais amplo. Nesse último caso o termo passou a considerar a realidade social, histórica, política e cultural da população negra brasileira; denunciando a exclusão social e abandono dos governos, denunciando a falsa abolição, denunciando a exclusão escolar, denunciando o extermínio dos jovens negros pelos aparatos de segurança, denunciando a exclusão dos negros dos postos de trabalho socialmente reconhecidos, a exclusão dos bancos universitários dos jovens negros, a pouco acesso programas de pós-graduação, etc.

 Outro uso social do termo raça é feito pelos próprios racistas quando tentam inferiorizar pessoas ou coletivo de pessoas negras. O racista, na maioria das vezes, nem sequer conhece o termo raça em seu sentido biológico, mas isso não é barreira para tentar desqualificar um afro-brasileiro. Essa desqualificação é às vezes pouco percebida, principalmente quando é feita atreves de frases: “a coisa esta preta, ou o negro quando não suja na chegada, suja na saída”; aqui se tem racismo flagrante, mas como o brasileiro “tem preconceito de ter preconceito” isso não é jamais assumido como racismo, ao contrário é só um chiste.

Em relação às cotas é importante destacar que não foram criadas para gerar privilegio, o seu sentido e exatamente o contrário, elas são instrumentos para acabar com privilégios. Foram criadas para tirar os jovens negros da margem da sociedade e garantir e estes o direito a uma educação publica de qualidade em todos os níveis, pois educação não pode ser privilégio de castas.

O crítico do sistema de cotas, o racista. Orgulha-se de ser contra as políticas afirmativas, é como se afirmasse: vejam só os medíocres precisam desse tipo de política, e ele claro não esta inserido entre os medíocres. Esse raciocínio é uma comprovação que a “mediocridade da racista é do tipo suprema, insuperável no ódio e no raciocínio débil”.

Francisco da Silva Paiva

“Xico Paiva”

5 comentários sobre “Por Xico Paiva – CONSCIÊNCIA NEGRA”

  1. Excelente texto e raciocínio. Quem confunde cotas com privilégio desconhece o significado do que seja justiça social. O estado brasileiro tem a obrigação moral de tentar reparar o genocídio e etnocídio praticado contra as populações negras e indígenas.

  2. Criar vagas exclusivas para uma determinada raça em detrimento de outras raças não me parece outra coisa além de: RACISMO!

    A criação das cotas é uma típica manobra de governos incompetentes: solucionar um problema da forma mais fácil, criando-se outros problemas…

    Não é a criação de cotas a solução correta para o problema de acesso à universidade. O problema está no péssimo ensino básico que é oferecido pelas escolas públicas! Se o ensino básico oferecido pelas escolas públicas fossem tão bons quanto o ensino das melhores escolas particulares, certamente não precisaríamos das tais cotas! Mas infelizmente, nenhum governo está disposto a encarar esse desafio! É melhor resolver um problema da maneira mais fácil, criando-se outro problema, que será resolvido criando-se outro problema, que será resolvido criando-se outro problema…. e assim por diante.
    Ninguém quer resolver o problema em sua raiz! É difícil demais para os nossos nobres políticos!

    Concordo plenamente que alguns fatos históricos deploráveis sofridos por algumas raças (vamos chamar assim por que foi justificado seu uso no texto) devam ser lembrados para que não ousemos repeti-los: Escravidão entre os negros… holocausto entre os judeus…

    Mas, convenhamos, de que nome devo chamar a criação das tais cotas nas universidades a não ser de RACISMO?

    Se o sistema de cotas é para acabar com privilégios, como ficaria a seguinte situação: dois estudantes da mesma escola pública, um NEGRO e outro BRANCO disputam o mesmo curso na mesma universidade (uma situação bastante provável!). De que forma a lei de cotas garantiria privilégios iguais entre eles??? Que tipo de sentimento isso pode despertar no aluno BRANCO em relação ao aluno NEGRO???

    Tá vendo só o problema gerado pelo seu “instrumento para acabar com privilégios”?

    1. Gostei da Reflexão do Anti Social. Pois la em minha casa temos esse problema: Minha mãe e branca de olhos azuis e meu pai e negro, negro mesmo. Eu nasci negro, plenamente negro e me orgulho disso, ja o meu irmão é branco de olhos azuis, e tem mais um problema: somos gemeos divitelinos, ele não pôde concorrer a politica de cotas e eu poderia, mas revoltado me recusei sempre a fzer essa opção, sempre fizemos vestibulares sem optar pelas cotas racistas, sempre fomos aprovados nos vestibelares, eu sempre fico á sua frente na classificação, apenas uma vez ele ficou em uma classificação à frente, uma disputa sadia. As cotas racistas vão gerar briga entre irmaos de sangue, pois em uma mesma familia vamos encontrar essa situação que tenho na minha familia.

  3. Primeiro queremos parabenizar o Xico Paiva pelo artigo, em segundo reconhecer o quanto é polemica a temática, mesmo assim, somos a favor das cotas a das ações afirmativas.

    O Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, em 26 de abril, que o sistema de cotas raciais em universidades é constitucional. O resultado do julgamento sanciona a manutenção das reservas de vagas para estudantes negros, pardos e índios nas universidades.

    O objetivo das cotas é corrigir injustiças históricas provocadas pela escravidão na sociedade brasileira. Brasileiros brancos têm, em média, dois anos a mais de escolaridade do que negros e pardos, de acordo com dados de 2008 do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

    Críticos da proposta, contudo, argumentam que os negros nunca foram impedidos de frequentar universidades por uma questão racial, mas por motivos econômicos e sociais. Por esta razão, as cotas deveriam privilegiar alunos pobres, sejam eles brancos, pardos ou negros.

    De qualquer modo, a decisão do STF deve exercer pressão sobre universidades para que empreguem o sistema de cotas raciais. Segundo a ONG Educafro, mais de 180 instituições públicas de ensino superior utilizam esse tipo de reserva de vagas.

    No Brasil, de um total de 59 universidades federais, 36 possuem alguma forma de ação afirmativa e, em 25 delas, reservas para negros, pardos e índios (42,3% do total). A primeira universidade a adotar as cotas foi a Universidade do Estado do Rio de Janeiro (Uerj), em 2002, por conta de uma lei estadual.

    Uma pesquisa do IBGE apontou que, entre 1998 e 2008, o número de negros e pardos no ensino superior aumentou, mas que ainda é metade do número entre brancos. A porcentagem de jovens brancos com mais de 16 anos que haviam freqüentado universidades em 2008 era de 60,3% do total, enquanto o de negros e pardos era de 28,7%. Em 1997, a diferença era de 33% para 7,1%, respectivamente.

    1. De fato temos um problema histórico relacionado a esse tema. Essa sociedade medíocre ainda carrega as cicatrizes da era da escravidão. Não se pode negar isso! O que me incomoda é forma de se abordar o problema.

      Quanto ao fato de ser ou não constitucional, não significa que seja, necessariamente, uma ação benéfica para a sociedade (vide o caso do ‘consciência negra’ aí em cima e de tanto outros casos semelhantes).

      Como falei em meu comentário anterior, o problema deve ser tratado na raiz. Oferecendo-se uma educação de base com qualidade para TODOS! Assim, as cota sequer seriam necessárias! Não me parece correto tentar reparar as injustiças sofridas pelos negros retirando-se (um pouco) os direitos que também são dos brancos.

      Citação sua:
      “Críticos da proposta, contudo, argumentam que os negros nunca foram impedidos de frequentar universidades por uma questão racial, mas por motivos econômicos e sociais. Por esta razão, as cotas deveriam privilegiar alunos pobres, sejam eles brancos, pardos ou negros.”

      Se for para utilizar as cotas, deveria ser assim mesmo! Pena que vc não refutou tal argumento.

      Citação sua:
      “De qualquer modo, a decisão do STF deve exercer pressão sobre universidades para que empreguem o sistema de cotas raciais. Segundo a ONG Educafro, mais de 180 instituições públicas de ensino superior utilizam esse tipo de reserva de vagas.”

      Por que o STF deve exercer tal pressão? Só para o Brasil continuar com a sua péssima mania de imitar tudo que é feito lá fora e não ter pensamento próprio?

      Quanto à pesquisa do IBGE, estes números por si só não indicam nada. Seria necessário confronta-los com o percentual de negros e brancos da população brasileira. Mais ou menos assim: suponhamos que a população brasileira fosse composta por 30% negros e 70% brancos. Nesse caso seria um erro esperar que o percentual entre negros e brancos nas universidades fossem de 50% para cada…

      Essa pesquisa do IBGE me leva à seguinte dúvida: quais são os critérios usados para definir se um brasileiro é branco ou negro? Seriam aspectos físicos mesmo sabendo que biologicamente somos uma única raça? Nesse caso, o IBGE seria um tremendo de um racista!!!!
      Tentar definir raças em uma população tão miscigenada quanto a nossa não seria um processo muito passível de erros? No caso das cotas, esse processo pode injustamente definir o futuro de uma pessoa, portanto, não deveria ser passível de erros! Ou será que há erros???

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