A calvário em busca de Justiça do viúvo da lavradora Valdenir da Silva Guimarães, 31 anos, o operário e também lavrador, Antonio César Silva de Aguiar, continua.
Ela sangrou até a morte na madrugada do dia 03 de junho dentro do Hospital Geral Municipal após dá à luz Ana Vitória que também morreu sob condições ainda inexplicadas.

Na semana passada César foi à 4ª Delegacia Regional de Codó mas não conseguiu sequer registrar o Boletim de Ocorrência sobre o caso. Contou em entrevista ao blogdoacelio que foi orientado por quem o atendeu no balcão à voltar na tarde desta segunda-feira (9) porque só a delegada [Maria Tecla] poderia orientá-lo sobre como registrar a ocorrência.
“Eu falei pra ela que era o caso da senhora que tinha falecido lá no HGM, aí ela disse pra mim que esse caso só era com a delegada, a delegada que ia explicar como é que era que ia fazer o procedimento”, disse
ORIENTAÇÃO ESTRANHA
Estranha a orientação. Os registros de ocorrência são de livre iniciativa do cidadão, basta se dirigir à delegacia e relatar fatos que sejam verdadeiros. Os atos de investigar ou não a denúncia/queixa, bem como o de marcar audiências, abrir portaria, é que pertencem a alçada do delegado.
Vale ressaltar que o registro na delegacia força, pela gravidade do fato, a autoridade policial a abrir inquérito para investigação, mas só é possível caso quem o registrou aponte alguém como suspeito de ter cometido algum crime. Especificamente sobre a mulher que perdeu nos corredores do HGM, no âmbito criminal, César só tem a opção do crime de omissão de socorro para ser investigado por uma autoridade policial.
Este crime é previsto no art. 135, do Código Penal, que assim o define: “Deixar de prestar assistência, quando possível fazê-lo sem risco pessoal, à criança abandonada ou extraviada, ou à pessoa inválida ou ferida, ao desamparo ou em grave e eminente perigo; ou não pedir nesses casos, o socorro da autoridade pública” (Pena – detenção de um a 6 meses, triplicada quando há morte).
NO MINISTÉRIO PÚBLICO
O marido que perdeu esposa e filha também disse de seu desejo de procurar o Ministério Público Estadual nesta ou na outra semana (quando entra de férias de seu serviço) onde deverá apresentar uma representação (ato de levar o fato ao conhecimento do promotor autorizando-o a dar início à sua própria investigação do caso ou pedir que a polícia civil o faça).
“Eu pretendo procurar, vou registrar a ocorrência, to querendo Justiça. Logo ela mesmo já num vai voltar mais, mas o que aconteceu com ela não quero mais que acontece co outras pessoas, eu tenho parente, eu tenho irmã, tem outras pessoas também. O que aconteceu com ela eu não quero que aconteça com outras pessoas”, sustentou
INVESTIGAÇÃO INTERNA/RESULTADO
Ele informou que uma enfermeira, a quem identificou apenas pelo nome de Santinha, já está investigando o caso a pedido da direção do HGM, como havia prometido em entrevista à imprensa o secretário de Saúde, Ricardo Torres. O depoimento do marido já foi ouvido pela sindicante.
Entre César e a enfermeira investigadora já houve, na semana passada, um problema que revelaremos aqui assim que pudermos ouvi-la.
Ao viúvo foi prometido a entrega do resultado da sindicância para amanhã, terça-feira (10), às 16h. César não está confiante num resultado que possa mostrar que houve culpa, negligência ou omissão do Hospital ou de quem o representava naquele momento.
“O seguinte é esse, que com esses documentos aí, que eles tão enrolando pro lado, inventando uma coisa pra outro”, disse dando sinais de sua desconfiança
CEBEÇA DA BEBÊ QUEBRADA/ EXUMAÇÃO
O homem parece muito disposto e sedento por justiça. Mostrou-se disponível até para exumar os corpos, principalmente, da bebê Ana Vitória que estava, segundo ele, com a cabeça quebrada quando lhe foi entregue.
“A enfermeira me falou que ela chegou morta e a cabeça da menina quebrada, a visto isso eu pedir para desenterrar ela, vou conversar com a Justiça pra poder levar, declarar o que foi que causou a morte da criança”, sustentou com pesar
CAUSA DA MORTE
A redação do blog já está com as certidões de óbito de Valdenir Guimarães e Ana Vitória, mostradas por César. Tomamos a precaução de pedir à um especialista, outro médico, para emitir um parecer a respeito do que está consignado nos dois documentos.
Também tivemos acesso à Carteira de Gestante e à todo o registro de acompanhamento do pré-natal da falecida que será posto à análise de dois médicos (1 já fez o serviço) a pedido deste blog. Divulgaremos a análise em momento oportuno.
O HGM ainda não entregou à César Aguiar o prontuário de atendimento que registrou tudo, incluindo medicação usada, desde o momento em que a paciente deu entrada no hospital até o momento de sua morte.
É direito dele ter amplo e irrestrito acesso à tudo que diz respeito ao caso e isso não pode ser negado sob pena de responsabilização da direção do hospital.