Na praça Benedito Alvim, centro de Timbiras, por volta do meio dia, tem gente chegando para a aula da tarde e gente voltando para a zona rural.

No dia desta reportagem, encontramos sentadas as amigas Roselane e Camila que  são do povoado Pedra Preta. Os pais as levaram de moto para a cidade, mas na comunidade onde moram tem gente que desde 10 de fevereiro, quando o ano letivo começou, nunca pisou na escola e o motivo é falta de transporte escolar.

 “Porque não tem carro pra ir, não tem bicicleta, não tem moto”, garantiu Camila Conceição dos Santos, aluna do 8º ano do Ensino Fundamental

DO CAMPO PARA A CIDADE 

É a situação de quem não tem onde estudar na zona rural porque não há colégios que ofereçam o ano letivo cursado para estes alunos  e, por conta disso, todos precisam ir para escolas da cidade. Pior é que  está sobrando para os pais a tarefa de não deixar os filhos sem aula, que o dia seu José Antonio Alves da Silva, de Bacuri.

“eu venho 6h30, eu venho buscar às 11h…DESDE O DIA 10 DE FEVEREIRO? Desde o dia 10”, respondeu firme o lavrador

Presenciamos o retorno de seu Antonio para casa com dois filhos numa moto. Um deles, Antonio Alves da Silva,  falou sobre o perigo diário da viagem de cerca  de 6kms e ressaltou que estão sem alternativa.

“é o jeito porque não tem transporte, até tem, mas não tá indo buscar a gente…E PRA NÃO PERDER O ANO? Tem que vir todo dia de moto”, reclamou o estudante

Seu José Antonio completou falando sobre as alegações que tem ouvido do governo de Fabrízio do Foto nas diversas vezes em que já procurou a Secretaria de Educação.

 “O PROBLEMA  diz que é a falta do combustível pra botar e o dinheiro pra pagar o motorista, que não tem”, sustentou indignado o lavrador

 O QUE DIZ A SECRETARIA

Na Secretaria Municipal de Timbiras, que atualmente está até sem secretário titular e sob o comando de uma assessoria especial, obtivemos poucas informações. MAS A JUSTIFICATIVA APRESENTADA DIZ QUE os ônibus escolares, que são 4, ainda não começaram a circular porque estão em manutenção e dois deles ainda precisam de emplacamento.

Não há previsão de quando os escolares circularão este ano. Até lá é pedalando que Paulo Ricardo Mendes Sousa, da localidade Buruaca, vai se virar, um percurso de 8kms todo dia (ida e volta) que as vezes é dobrado forçando-o a se render ao cansaço.

 “é muito difícil ainda mais quando eu tenho que voltar a tarde pra fazer trabalho, hoje mesmo a tarde eu to voltando pra fazer trabalho da escola (…) vou dormir em Timbiras ficar melhor pra mim porque é muito cansativo”, falou o estudante encontrado ao meio dia voltando para a zona rural em sua bicicleta pela MA-026.

MOTOVAN FORÇADA 

Para dona Maria Ferreira Barros, que é do povoado Raio do Sol, a situação vai piorar logo. Em vez de 3, terá que transportar 4 filhos para a cidade  numa moto e ela ainda não sabe como fará para não vê-los fora da escola.

“E tem mais outro que as aulas dele vão começar dia 20 e aí não sei como é que eu vou fazer, 3 dá de trazer, mas 4 não dá de jeito nenhum  TEM QUE ENFRENTAR O PERIGO? Todo santo dia, todo santo dia…MAS NÃO É PERIGOSO? Muito, é 13 kms daqui lá pra casa”, disse entristecida com a situação de Timbiras no governo de Fabrízio Araújo do Foto.