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Quanto mais nos afastamos do centro urbano de Timbiras, mais nos deparamos com cenas preocupantes como as de açudes de solo rachado, com um pouco de lama também já pronta para desaparecer nos meses mais secos do ano nesta região.

Os açudes são um sinal de que até água para beber vinda de poços manuais, dependendo do povoado, também pode faltar.

Açude na zona rural de Timbiras
Açude na zona rural de Timbiras

ÁGUA COM COBRA E SAPO

Os povoados de maior sorte possuem água que mina com maior facilidade, aí cabe aos lavradores descobrirem estes pontos para abrir poços. São estruturas muito simples, geralmente cobertas de palha e sem nenhuma proteção lateral, na maioria das vezes, o que deixa o lugar sujeito à vários problemas que deixam esta água ainda mais sob suspeita para beber.

Dona Maria Glória de Sousa nos deu uma noção de como as coisas acontecem. Vários animais põem a água em risco á saúde humana.

“Cai tudo…CAI O QUÊ? Porco, leitão, cachorro, galinha, sapo morre, cobra tudo isso cai…QUANDO ISSO OCORRE COMO É QUE FAZ PRA PODER USAR O POÇO DE NOVO? Eles tira a água do poço todinho e tira a lama de dentro, aí luta de novo”, respondeu

Dona Glória à beira de um poço da região
Dona Glória à beira de um poço da região

A falta de chuvas também obriga o lavrador, a partir de agora, a aprofundar o poço com maior frequência, uma atividade de risco, como explicou o lavrador Manoel da Silva.

fica seco¸ quase, aí é preciso a gente descer pra cavar, tirar a lama e cavar pra frente que é pra água nascer…QUER DIZER AINDA TEM TODA ESSA LUTA AINDA COM O POÇO? Tem, tem toda essa luta”, disse

NO LIMITE HUMANO

Até janeiro do ano que vem tudo que dependa de água na zona rural de Timbiras fica mais limitado, explica dona Maria Alves dos Santos – lavar roupa, cozinhar, até tomar banho?

“Só uma vez, só uma vez mesmo…PORQUE SÓ BANHA UMA VEZ? É porque é longe pra buscar, chega doendo as costas”, reclamou

Onde se consegue água andando quilômetros, os mais novos ajudam os mais velhos a sobreviverem. Na casa de Geovane Silva, de 15 anos de idade, ele precisa ajudar os pais e avós com os baldes todos os dias.

“É complicado demais, eles estão muito velhos aí não tem mais força pra puxar o balde de dentro do poço pra encher os outros…E FAZER ISSO O DIA TODO, VÁRIAS VEZES? O dia todo, de manhã, de tarde, na gangorra”, respondeu

Mas a esperança dos moradores da zona rural de ter poço artesiano continua. Em Socó, por exemplo, dona Maria Domingas dos Santos Silva até se chorou ao falar de décadas de sofrimento

“Eu gostaria de ter uma água em casa, porque é muito difícil aqui, é muito longe (…)“Sonho, não é possível que um dia não chegue que aí pra dentro tem lugar mais longe, tudo tem água encanada em casa, não é possível que um dia aqui também não chega”, disse aos prantos contidos pela timidez e pelo constrangimento de estar naquela situação

Zona rural de Timbiras à beira de mais um velho poço aberto por moradores
Zona rural de Timbiras à beira de mais um velho poço aberto por moradores

PALAVRAS DO GOVERNO MUNICIPAL

O secretário de Agricultura de Timbiras, Francisco Almir Oliveira, ouvido pela TV Mirante, informou que o município recebeu, do Governo Federal, 12 poços artesianos, mas eles só podem ser perfurados, segundo exigência do Ministério, apenas em povoados que possuam, no mínimo, 40 famílias.

A região de Socó, tema desta reportagem, não possui povoados que atendam esta exigência. Segundo Almir Oliveira, atualmente apenas os povoados ALEGRIA e SÃO JOSÉ se enquadram no critério de número mínimo de famílias residentes.

A solução,  ainda de acordo com o secretário, já está em prática. Homens da prefeitura já estão fazendo um levantamento de quantas casas rurais existem com cobertura de telhas para que seja pedido ao Governo Federal igual número de cisternas que colham água da chuva.

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