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Professor Jacinto Júnior

Desde quando passei a ter uma clara consciência política da realidade social, percebi que a elite dominante, historicamente, tem propagado um discurso maquiavélico – no sentido expresso por Maquiavel em sua obra-prima (O Príncipe) – de que a verdade nunca deve ser a essência da verdade e, sim, o escândalo como práxis política para atingir os fins desejados.

E tal processo se manifesta em acusações mútuas entre as forças que disputam a apropriação do poder – sendo que, todas, estão no mesmo patamar de descrença e desconfiança ante o olhar da opinião pública. A própria comunidade não aprimora o senso crítico e, menos ainda, a capacidade para fazer uma opção/escolha política absolutamente independente e imparcial; na verdade, possui seu bandido de estimação.

A imprudência e/ou a reincidência praticada pelo cidadão(ã) em relação a essa opção/escolha reproduz a sólida cultura burguesa em que pese a influência/força da tradição política construída pela elite para administrar o nosso patrimônio; com isso, a performance política tradicional (a estrutura) permanece inalterada e aquilo que deveria ser o ponto chave para beneficiar a sociedade civil torna-se, na verdade, em obstáculo na questão das políticas públicas e o resultado é que a sociedade civil ‘passa a ver navios’, literalmente!. Seu silêncio é macabro!

Ora, o princípio maquiavelista ganha força cada vez mais absurda no enredo político na atualidade; o predomínio da elite dominante no controle da política determina o nível de desenvolvimento social ao mesmo tempo em que delimita o espaço para uma efetiva política na perspectiva deste desenvolvimento, bem como a consolidação e o aprofundamento da democracia – o que se percebe claramente é uma tentativa em paralisar a própria dinâmica do desenvolvimento social tão bem trabalhado pelos ‘marqueteiros’ e difundido pelos membros da elite enquanto dirigentes políticos – como condição sine qua non no alinhamento e expansão do controle político-ideológico.

As experiências administrativas de nossa história tem demonstrado, indubitavelmente, o quanto a nossa cidade padece com a forma política de empreender sua estruturação social ou, ainda, na redefinição de parâmetros para modernização da cidade através de políticas públicas convergentes.

Pois o conceito de res pública passa à margem da sociedade civil e é direcionado para fins não especificados por lei; gerando, por sua vez, a pauperização social, ampliando a escala da discriminação e do preconceito – com o fito de estabelecer a balbúrdia social e, desse modo, culpar a própria sociedade pelas tragédias ocorridas -; tudo isso sem planejamento estratégico voltado para a comunidade.

Lamentavelmente, ao longo do tempo, tivemos a (des)construção de um discurso alinhado ao desenvolvimento social para todos e, em seu lugar, a burguesia introduziu o discurso liberal carregado pela doença do “eterno desenvolvimento para todos” sendo que, tal prática, interliga o espectro/síndrome do completo abandono desse perfeito ‘desenvolvimento social’ cuja relação intrinsecamente ojeriza a participação popular e exclui, sem nenhuma preocupação todos os segmentos estratégicos que poderia contribuir diretamente com esse perfil traçado para nossa cidade crescer com justiça.

Sofremos com a incapacidade burguesa de produzir uma cidade de nossos sonhos. Sofremos com a presença da exclusão social – tal relação perdeu sua forma ideal de se pensar uma cidade desenvolvida, onde o conceito de liberdade, participação social, democracia, justiça e transparência se prostituíram nas entranhas de um discurso fabulosamente mentiroso e destrutivo.

A culpa de toda essa tragédia social que perpassa o coração e a mente da sociedade tem nome: a burguesia.

E quando mencionamos a burguesia como principal elo de todo esse processo gerador de miséria, opulência e pobreza; tentamos conformar o desmantelamento de sua força destruidora – que, sumariamente, se apresenta como uma alternativa em toda disputa pela apropriação do poder político. Temos, atualmente, um quadro social terrivelmente injusto. A prevalência e ampliação da miséria contribuem para facilitar o controle pela burguesia sobre o conjunto da sociedade civil alienada do processo político.

A institucionalização da corrupção – que, sob o ponto de vista de sua prática e legalidade – favorece, sempre, a ‘compra do voto’; culminando com a cultura do ‘toma lá, dá cá’, que, absurdamente, constitui-se o “querosene” queimando a dignidade do incauto e, também, do esclarecido cidadão(ã) que se aproveitam para ‘se dar bem’ no processo sigiloso – ocorrido nos bastidores – dessa vergonha nacional. Essa relação promíscua tem produzido o empobrecimento sem precedência da sociedade civil que se permite a construção desse modelo político infringente e dolorosamente miserável sob a égide da decência e da ética humana.

Codó perdeu sua dignidade. Não possui mais a força e nem a rigorosidade de outrora! As evidências de sua miserabilidade cultural e intelectual são postas em suas vísceras a toda prova. Não temos intelectuais comprometidos com a verdadeira política transformadora e democrática.

A razão intelectual cedeu espaço para o medo e a intimidação ou, quando muito, se omite ou, então, ainda, se sujeita ao capital numa conformidade desprezível.

Codó não pode continuar a ser um laboratório de enriquecimento de meia dúzia de burgueses que se locupletam com o erário público; e o mais grave de tudo, o silêncio impávido e colossal daqueles que deveriam denunciar toda essa fraude política. Vergonha é o que sentimos quando olhamos para as condições materiais do próprio povo e de nossa paupérrima cidade! Só uma palavra define essa realidade cruel e seca: a exuberante ganância burguesa. Um só pensamento prevalece para o burguês: a opulência como forma ideal de vida social sobre o mero mortal.

Jacinto Júnior

A nossa quietude, o nosso majestoso silêncio político compromete barbaramente o nível de desenvolvimento social e organização estratégica, pois, verdadeiramente, a promiscuidade sociopolítica tem devastado a possibilidade da mudança estrutural como processo natural e benéfico para a sociedade civil. Essa promiscuidade sociopolítica se constitui numa doença que contagia todos aqueles que não carregam consigo o espírito da hombridade, da honestidade, da serenidade, da decência e da ética universal.

Codó é uma caixa de pandora. Se se ousar abri-la – quem quer que seja – ocorrerá a dissolução da falsa moral e da decrépita honestidade dos que abjuram a democracia como a fonte de todo bem social.

Codó plange sua imensa dor. Dor por seu retrocesso político. Dor por seus filhos abandonados. Dor pela falta de emprego. Dor pela imerecida ditadura empresarial. Codó a “cidade-modelo” que não serve como modelo, expõe suas contradições sociais históricas. A cidade que deveria ser ideal em sua estrutura, encontra-se em sua real condição de abandono. Uma cidade-lixo produzida pela burguesia inepta ao longo de um século e duas décadas de emancipação!

4 comentários sobre “A CIDADE REAL E A CIDADE IDEAL: A lógica da enganação e da destruição”

  1. Meu caro Professor Jacinto, existem pessoas que dizem que só você entende os artigos que você escreve. Não concordo com esta afirmativa. Eu tenho uma opinião diferente sobre o assunto abordado. Já faz muito tempo que as pessoas honestas e sérias de Codó vem fugindo das ofertas para ocupação de funções públicas e de entidades beneficentes e principalmente da política. Porque? Por uma razão muito simples. PRINCIPALMENTE a política vem mostrando que a população não gosta de pessoas sérias e honestas pois as mesmas não vão fazer o que a maioria deseja: MAMAR nas tetas da viúva e nem permitir que outros mamem. Ganhar sem trabalhar, viver as custas do dinheiro público é o sonho da maioria da nossa população. Assim sendo não se admire se o CARIOCA de repente se transformar em Prefeito de Codó. Quem viver, verá.

    1. Jamelao, tenho plena consciência desse fato – o de que algumas pessoas afirmam sobre o conteúdo de meus textos, especialmente, no que se refere à sua interpretação -, entretanto, não me incomodo com esse tipo de comentário! Procuro, sim, permanecer com o firme propósito de manter essa linha editorial; por entender que é indispensável a crítica independente e autônoma. Sem ela torna-se aparente e natural todo processo social e, isso, certamente, denuncia que tudo esta bem, nada de ruim está acontecendo no interior das administrações públicas. Não concordo com a tese da naturalização dos fatos, principalmente, deixando o gestor administrar nosso patrimônio isoladamente, como se fosse capaz de proporcionar as políticas públicas de forma transparente. De qualquer forma, agradeço seu incentivo. Esperamos, um dia, que o povo se liberte das amarras da alienação e com suas próprias mãos faça a necessária revolução popular para servir a si mesma. Essa é, para mim, a questão central de uma luta política e de uma transformação radicalmente democrática.
      Saudações!

    1. Caro Lázaro marques, é fundamental conhecermos as origens das estruturas sociais e políticas para que saibamos distinguir as diversas formas e interesses que estão em jogo, jogo esse permanente. E é nessa esteira da análise dos fatos que tento esclarecer o óbvio para nossa gente. Obrigado pelo apoio moral! Saudações democráticas!

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