Entenda um pouco sobre como funcionará o projeto da ENNECO
Nas cidades, por onde o projeto pretende passar no leste maranhense, milhares de famílias vivem do coco babaçu. Um trabalho duro que dona Maria Luiza Soares pratica desde os 12 anos de idade.
Da adolescência aos dias de hoje a mesma reclamação – o babaçu, para a extrativista, não tem valor. O quilo da amêndoa não passa de R$ 1,00.
“Comprar umas besteirinhas só pra menino…DÁ PRA COMPRAR ALGO PRA COMER? pra comprar arroz é obrigado ser uns 3 quilos…AÍ DÁ MUITO TRABALHO? Dá”, respondeu
Estimativas mostram que no Maranhão esta atividade é meio de vida para mais de 300 mil famílias. De olho nesta renda, investimentos holandeses estão chegando ao Estado com um projeto grandioso.
HOLANDA EM CODÓ
Por envolver proprietários de terras e, diretamente, a vida das quebradeiras de coco tradicionais, o projeto europeu tem demorado e a implantação já se arrasta há mais de dois anos. A fase atual é de conversa com os latifundiários de Codó, Timbiras, Coroatá, Cantanhêde e Pirapemas. A intenção é mostrar à eles que é possível lucratividade com sustentabilidade.
O cientista agrário, Osvaldo Albuquerque, que acompanhou a consultora internacional do projeto em visita de sensibilização, ontem, 5, à Codó, explicou que a empresa da Holanda (ENNECO) vai arrendar parte da propriedade que aderir à proposta e revitalizá-la tornando-a mais produtiva, vantagem, na visão dele, para o dono que a mantinha ociosa.
“ Ele define que tem uma área livre com babaçu que não sendo utilizada pra nada e ceder, plenamente ceder, à proposta ou seja, adquirir uma renda dessa área ociosa, que está sem produção nenhuma, sem comprometer as atividades de rotina da parte dele”, explicou Osvaldo
ENERGIA
Em cada município, os secretários de agricultura participam da sensibilização. José Cordeiro de Oliveira, da secretaria de Codó, revelou que a intenção maior do projeto europeu é produzir uma energia vegetal pouco explorada no Brasil.
“Por exemplo, o endocarpo que era levado in natura ou feito carvão vai ser transformado em péletes, que é uma pilha de energia concentrada e isso vai viabilizar o projeto”, disse Cordeiro
Quem vive do babaçu na região ver o projeto com restrições. Dentro da área que for arrendada quebradeiras de coco e seus familiares poderão trabalhar, mas para a empresa. Na opinião de seu José de Ribamar da Silva, que vive do babaçu e da lavoura, isso cheira redução de área livre para a sobrevivência de quem depende da roça e destas abundantes palmeiras.
“de que que nós vivemos, nós vivemos é de comer arroz, farinha e a farinha é da mandioca e a gente tem que plantar mandioca é da terra e o arroz, o milho é na terra… se arrendar como é que o pobre vai viver, vai morrer de fome”, questionou preocupado o quebrador
FÁBRICA
Uma fábrica será construída no município com maior densidade de babaçu. Este ainda não foi definido. Cuidando dos interesses do projeto já existe na região a chamada Associação Intermunicipal dos Cocais, envolvendo os municípios citados na reportagem.
2 comentários sobre “Empresa da Holanda prepara-se para explorar energia vegetal em Codó e região”
È realmente um projeto grandioso mas essa pessoas (moradores) precisam de mais orientações, tem que ter uma pessoa que fale a “língua” deles..
E tem a questão ambiental também envolvida, esse ASSUNTO ainda dará outras matérias viu amigo.
Abraços
Caro Acélio,
Fico intrigado com a facilidade que alguns gestores têm de aceitar propostas mais que indecentes. Há um paralelo que devemos considerar. As ações que tentam dar às próprias familias extrativistas, as condiçoes de agregar valor ao babaçu. Desta forma, destaco que, farei da forma institucional que demanda, o debate sobre essa “lucratividade sustentável” pregada pela enneco e, seus parceiros na região.
Ora, sabe-se da ilegalidade da maioria das propriedades rurais em Timbiras… Daqui posso falar. que terras estarão sendo arrendadas? e, de quem? Que exploração favorável às famílias será destinada, se, a maioria não tem um metro de terras pra dizer que é proprietária. É acertada a afirmação que, a enneco está em conversas com os LATIFUNDIÁRIOS da região, pois, estes sim, terão retorno dessa proposta. Como tem tido há várias décadas.
Os mesmos que, classificam a atividade do babaçu como marginal, são os que detêm grandes áreas adquiridas de forma suspeitas, a saber pelo que temos informações do Cartório (sob intervenção) de Timbiras. Não acredito em benefícios para as famílias que, antes não as coloquem na condição de protagonistas do processo a ser implantado pela enneco.
Um abraço. Não perca o Seminário sobre Regularização Fundiária em Timbiras (29 e 30/04/2011.