Ao meu querido Pai (in memorian), autoria: Léo Costa. 08/03/1996 / Jornal O Estado do Maranhão.
Pai, é gostoso esbarrar na sua figura cada vez que eu dou um passeio pela memória.
Bom lembrar do café quentinho e do carinho que me despertava pra escola com beijos com sabor de café com leite, impossível esquecer do seu beijo mágico.
Não dá pra esquecer a certeza com que o senhor me ensinava o que eu não sabia. O senhor sabia tudo…
Agora é tão gostoso lembrar até das broncas para comigo e minhas irmãs. Às vezes eu até pensava que podia chegar em casa de madrugada, viajar sozinho.
Quem tinha razão? Cada um de nós tinha a sua razão, afinal, passa tão depressa o tempo de ser só filho, que o senhor ainda não estava preparado para dividir com o mundo o seu menininho, mas a gente acabou de entendendo.
Eu já tenho a minha vida, meu lar e filhos e veja só, eu continuo sendo seu filho. O senhor não me perdeu pra vida.
Tá bom que sobre menos tempo pra gente conversar, mas nossos papos, agora, são de trocas; também já posso ensinar alguma coisinha para o senhor.
É muito gostoso já ser grande e sentir que ainda posso ter a sua proteção a qualquer momento. Taí. Meu velho.
Eu já sou um pão também, mas gosto de brincar de filhinho de vez em quando. Gosto de sentir que tem um espaço no mundo onde eu posso deitar e rolar: ser fraco, forte, incompetente ou competente, e ainda eu sou querido.
A gente se ama gostoso, sem precisar provar nada. É um grande barato ser seu filhinho. É um grande barato ser também seu amigo. Feliz dia dos Pais, para o senhor que partiu mais cedo (16/11/2000).