Nem o major Jairo Xavier, comandante da Nona Companhia Independente, nem a delegada Maria Tecla Cunha, que preside o inquérito na polícia civil sobre o caso Mauro, compareceu à reunião das comissões da Câmara de Vereadores marcada para a manhã de ontem, 8.
O comandante da PM recebeu o convite dia 4 de maio, mas enviou um ofício aos vereadores comunicando que estaria em São Luís, no período de 7 a 9 de maio, para “tratar de assuntos profissionais junto ao Comando Geral da PM, bem como da Secretaria de Segurança Pública e da Corregedoria”.
PROVIDÊNCIAS
No ofício, Xavier citou as providências já tomadas no caso e destaca que já afastou o policial militar suspeito de ter disparado o tiro fatal no rosto do carroceiro, Mauro Mariano Santana, de 28 anos, na tarde de 26 de abril, no bairro São Sebastião.
Mas o nome do PM não foi revelado, o que deixa a população ainda em dúvida quanto a autoria do tiro mortal.
Outro destaque do ofício vem do fato de que o major informa que os inquéritos, civil e militar, são sigilosos cabendo tão somente aos seus presidentes prestarem informações. Abaixo estão enumeradas as providências anunciadas:
- Recolhimento das armas utilizadas pelos policiais para fins de perícia pelos respectivos presidentes do inquérito policial militar e do inquérito policial civil, conforme prevista na legislação
- Afastamento do policial autor do disparo que atingiu Mauro Mariano Santana, ficando o mesmo à disposição dos respectivos presidentes dos inquéritos
- O encaminhamento do relatório da ocorrência ao Comando Geral da Corporação, bem como a nomeação de um oficial de outra unidade para poder presidir o Inquérito Policial Militar
- Por fim, em razão das normas (Código de Processo Penal e Código de Processo Penal Militar) os respectivos inquéritos são sigilosos de responsabilidade de seus respectivos presidentes, cabendo tão somente à eles qualquer informação bem como a remessa dos autos e do resultado das apurações ao Ministério Público que os apreciará e oferecerá denúncia ou não ao Poder Judiciário
A DELEGADA
De acordo com o presidente da Comissão de Constituição e Justiça, a delegada Maria TECLA Cunha não mandou nenhum justificativa de sua ausência.
‘Até o momento não há nenhum posicionamento da delegada Tecla à essa Casa, nem da sua assessoria, nem ela, a gente sabe que ela ta de férias’, disse
VEREADORES SE APROVEITARAM
Depois de confirmada a ausência das autoridades convocadas, os vereadores deitaram e rolaram em seus discursos aproveitando o momento de euforia de familiares e amigos de Mauro presentes na galeria.
Teve gente que pediu até a prisão dos policias, sem citar nomes. Só auê, pedir até podem, como qualquer cidadão indignado com o que ocorreu, mas, legalmente, não há nenhuma autoridade nesse pedido, ou seja, ninguém é preso só porque um grupo de vereadores pede.
Vereador só pode mandar prender alguém, inclusive em flagrante (ali na bucha, na lata), quando de uma Comissão Parlamentar de Inquérito e, aqui em Codó, os vereadores se tremem todinhos quando ouvem a palavra CPI.
BLÁ, BLÁ, BLÁ
Em resumo bla,bla,bla pra inflamar a plateia que agonizava em dor, mas tinha na gritaria provocada por discursos calculados um certo alívio de seu sofrimento. Só isso, e não vai passar disso, acredite.
Quem pode mesmo fazer algo pela família de Mauro é a imprensa, não deixando o caso cair na bacia das almas, a delegada Tecla ao concluir seu inquérito, o próprio oficial que vai lidar com o inquérito militar e, principalmente, o Ministério Público Estadual se vir no que for apurado razão para denunciar os militares por homicídio. Além destes, senhores, só Deus.
Para ser minimamente justo reconheço que devo elogiar a iniciativa dos parlamentares municipais de ouvir as autoridades, foi louvável. Que continuem, ao menos, arrochando o nó na garganta deste povo. São autoridades pagas também para dar satisfação à sociedade, neste momento, pelo menos à família do morto.