POR UMA AGENDA POLÍTICA ALTERNATIVA PARA CODÓ: O LIMIAR DE UMA REVOLUÇÃO (PARTE I)
O presente texto será dividido em duas partes. A primeira levantará a questão sobre a importância da sociedade civil se interpor no processo político se constituindo no elemento fundante da mudança estrutural e, a segunda parte, se ocupará dos quatros itens propostos para reintegrar a estrutura de poder redemocratizando as relações sociais entre o ente propriamente político e a comunidade local.
Inevitavelmente, alguns elementos são indispensáveis para a construção de uma nova concepção política para nossa cidade. E, dentre eles, podemos citar como parâmetros: a ética, a moral, a transparência, a honestidade, e, essencialmente, a história pregressa do sujeito que empreende o sonho de administrar o aparelho de estado local.
Essa concepção pensada numa nova diretriz político-progressista – que, em tese, denomino de ‘uma agenda política alternativa’ – certamente, precisará ser apropriada pela sociedade civil – e, ao fazer referência à sociedade civil, precisamente, dirijo-me aos movimentos sociais de base, associações, entidades de classe, sindicatos, clubes de jovens e clubes de mães, enfim, todos esses elementos sociais existentes que defendem e buscam uma forma de vida melhor e mais decente para os cidadãos – e, a partir desse momento, reavaliar a maneira como têm atuado no exercício da cidadania – ou seja, no ato de votar. Escolher um administrador público exige responsabilidade e o respeito para consigo mesmo.
Retomo o que sempre venho afirmando de maneira insistente que é necessário ‘pensar fora da caixa tradicional’. Ao propor essa reflexão fundamental, tento trazer a individualidade para si – ou seja, convoco cada cidadão para mergulhar nas grandes questões políticas que tem dominado o atual cenário – e, assim, perceber as nuances que ocorrem em torno de si, e, ao mesmo tempo, o reflexo das ações realizadas pelo gestor sobre o conjunto da sociedade como um todo. Quando o indivíduo internalizar esse processo político-cultural-econômico-social, mudará sua forma de ver o mundo e a realidade concreta que circunda em torno dele. Isso é ‘pensar fora da caixa tradicional!’
Conceber uma Agenda Política Alternativa Para Codó é estabelecer uma ruptura com a mesmice que tem sido reproduzida sistematicamente pela classe dominante. Esse círculo vicioso já não tem mais nenhum sentido na atual circunstância histórica. E por que não tem mais nenhum sentido diante da história? Pelo simples fato do modelo político constituído ao longo da emancipação de nossa cidade não cumprir mais com sua dimensão caracterizada pelo adjetivo ‘desenvolvimento social pleno’. O que temos visto, assistido e testemunhado são meramente os membros da classe dominante digladiando entre si pela apropriação do aparelho de estado pelo simples desejo do status quo – note que, não há projeto em debate e, sim, o nome do representante da classe dominante como o ‘salvador da lavoura’, ‘o único que vai eliminar a crise instalada’, etc., e etc. – mormente, a história mostra que esse mecanismo anacrônico e completamente paralisante resultou no atraso de nossa cidade em todos os setores e, na mesma medida, proporcionando a dependência da população exclusivamente do ‘aparelho de estado local’ como única fonte de trabalho.
Codó precisa se desvencilhar das amarras históricas engendradas pela elite, que tem prejudicado seu desenvolvimento social pleno e de forma ampla e participativa.
Quais pontos devem ser colocados como prioridades para viabilizar outra cultura política e uma nova concepção de cidade?
Fundamentalmente, apresento quatro elementos distintivos que podem ser a bússola orientadora para recuperar a conceituação política, ressignificando a ideia de uma nova cidade: a) escolher com responsabilidade o futuro administrador de nossa cidade; b) eleger um projeto político alternativo; rejeitando a disputa em torno de nomes da própria burguesia para gerenciar nosso bem público; c) eleger novos legisladores comprometidos com a coisa pública e, d) exigir transparência com a prestação de contas.
Nessa linha de raciocínio, cada item apresentado precisa ser desenvolvido com a finalidade em explicitar o papel formal político dos indivíduos na fiscalização do pleno exercício do Executivo, afinal, o representante do povo fora obra do próprio povo soberanamente, e, nada mais justo que este, esteja sob a tutela popular!
Estranhamente, a cultura política alicerçada ao longo do tempo que nos assombra é a própria negação da gestão pública em relação ao povo. Parece-me que, o aparelho de estado local deixa de ser público para tornar-se ‘propriedade particular’ do dirigente político posto pelo povo por quatro anos. E o que torna mais engraçado esse processo deformante é o administrador achar que é detentor do poder e, por isso mesmo, gerencia à seu modo o aparelho de estado local e, muitas vezes, retruca e rechaça, imprudentemente, as reivindicações populares e de outros setores estratégicos da própria estrutura do poder político. Tal comportamento não condiz com seu ‘juramento de posse’ que respeitará e cumprirá a Constituição Federal e a Lei Orgânica Municipal.
A participação social da sociedade civil na política é a pedra de toque para ampliar e consolidar o papel da democracia no interior de uma gestão pública. Por isso, é importante que ela saiba quais são os instrumentos que condicionam a prática e o exercício do poder político: as leis, as normas.
A sociedade civil tem que tomar consciência de seu papel central na política, ela é determinante para estabelecer novos ares e novos arroubos na perspectiva de transformação do poder. Somente a organização pela base pode impedir a atuação arbitrária de um administrador com má intenção e absolutamente destemperado. Um administrador sábio e habilidoso dialoga com os setores sociais e respeita suas reivindicações, mas, quando ele deixa de se relacionar com os movimentos perde duplamente sua influência. Por fim, um gestor moderado permite a pluralidade.