CHEGANDO ao Maranhão, em 1653, o padre jesuíta Antônio Vieira, preocupado com a catequese dos índios, resolveu juntá-los em aldeamentos, os aglomerados indígenas, aos quais denominou de Aldeias de Paz, como a de São Miguel.
A Aldeia de Paz de São Miguel era o único marco de civilização perdida na ribeira do rio Itapicuru, com a sua capela de taipa pilão, construída pelos missionários, inclusive João Villar. Acima da citada Aldeia de Paz, à margem direita do rio Itapicuru, estabeleceram-se uns índios da tribo Urubu, em território do antigo povoado Sardinha, os quais deram ensejo à formação do povoado Urubu, assentado estrategicamente, em terreno cheio de elevações.

O povoado Urubu cresceu, desenvolveu-se, tornando-se “a sede da comarca de Urubu e por influência do ex-Regente do Império, Dr. Bráulio Muniz, transferiram a sede da comarca de Urubu para o município de Codó, através do decreto Lei Provincial nº. 68 de 21 de julho de 1838. Com a mudança da comarca, a vila entrou em fase de decadência”, trechos recolhidos do livro editado pela Prefeitura de Timbiras de nome “Timbiras – A Vida e o Progresso Simbolizam um Ideal”. Edição 1992. Com a vinda dos Capuchinhos para a vila de Urubu, houve mudanças de nome para Monte Alegre, posteriormente, Timbiras, como hoje é conhecido o município.
A partir do século XVII, 1636, os portugueses começaram a seguir o curso dos rios do Maranhão à procura de riquezas. Levaram os seus escravos. Comentava-se a existência de minas de ouro e de pedras preciosas. Vararam o vale do Pindaré como verdadeiras bandeiras.
Os lusitanos procuraram se estabelecer à margem esquerda do rio Itapicuru. Encontraram uma área de terra própria para o cultivo de cereais, exploração de produtos agrícolas e para a criação de gado. Alojaram-se. O ajuntamento desenvolveu-se e prosperou. Fixaram-se na terra conquistada através de duras lutas com os selvagens indígenas. O lugarejo mais próximo era o aldeamento dos silvícolas Urubus, como os quais mantinham uma convivência pacífica, embora sob alerta.
Os índios maravilharam-se com as mulheres negras, o que causou brigas provocadas por ciúmes entre índios. Os negros eram olhados como animais raros pelos nativos. Novidade.
Os portugueses trouxeram consigo o progresso, o desenvolvimento e a fartura com o trato da terra. O aglomerado luso deu origem ao surgimento do povoado Codó, nome herdado do rio Codó, o conhecido Codozinho. O povoado tornou-se vila subordinado ao termo de Caxias.
QUANDO VIROU VILA
Pela resolução Régia de 19 de abril de 1833, foi ao povoado atribuído à condição de Vila. Posteriormente, o Presidente da Província, Antônio Pedro da Costa Ferreira, futuro Barão do Pindaré, sancionou a lei de nº. 07, de 29 de abril de 1835, que confirmou esta condição.

A vila de Codó floresceu. Apareceram os primeiros comerciantes, os homens de negócios, os proprietários rurais, as fazendas de gado com seus escravos, os seus engenhos de cana-de-açúcar, as casas de farinha e as capelas. O rio Itapicuru entrava em ritmo de progresso, com as embarcações em movimento. Os negros africanos impulsionaram com a força do trabalho escravo o progresso, no sentido do desenvolvimento.
A IMPORTÂNCIA DE PAU REAL
A grandeza da personalidade do comendador Luís José Nicolau Henrique se estendia na dimensão de suas glebas de terra. Tornara-se o primeiro latifundiário da vila. O seu empório de madeira crescia. O velho armazém de taipa sofreu reformas, para acolher os mais variados produtos agrícolas da região. Viu-se na condição de um empresário bem sucedido o enérgio “Pau Real”. Mantinha relações comerciais com o alto comércio da capital da Província.
Os nativos, os filhos da terra, almejavam que a vila de Codó, bastante crescida, de comércio desenvolto, exportando não só a madeira, como também gado, couro de animais silvestres, queijos, e objetos artesanais, como redes, rendas de bilro, esteiras de palhas, adornos confeccionados de fibras vegetais, doces de frutas campestres regionais, fosse promovida à condição de cidade. Ganharia alma.
QUANDO VIROU CIDADE

A campanha da emancipação política do Município enraizou-se no sentimento do povo codoense. Tudo pronto para a Independência. A vila passaria à condição de cidade. Bastaria que o Presidente do Estado sancionasse o diploma legal, conferindo a Codó o galardão de Cidade. Foi quando o governo Estadual em 16 de abril de 1896 assinou a Lei de nº. 133 que diz:
Art. 1º – Fica desde já elevada à categoria de cidade a atual vila de Codó.
Art. 2º – Revogam-se as disposições em contrário.
Mando, portanto, a todas as autoridades a quem o conhecimento e execução da presente lei pertencerem que a cumpram e façam cumprir tão inteiramente como nela se contém. O Diretor da Secretaria do Governo a faça imprimir, publicar e correr.
Palácio do Governo do Estado do Maranhão, 16 de abril de 1896, 8º a República.
Alfredo da Cunha Martins
Ressalvamos que a lei emancipadora foi sancionada pelo Vice-Governador do Estado, tendo em vista, encontrar afastado do cargo o titular eleito, Manoel Inácio Vieira. Codó finalmente entrava gloriosamente para o concerto dos Municípios da Província do Maranhão.
A RAIZ DE NOSSAS PADROEIRAS
Repousa Luís José Nicolau Henrique no local sagrado da cidade que ajudou a construir. É considerado como o seu primeiro lavrador.
Certa vez, procedente de uma de suas fazendas, é atacado em emboscada por escravos foragidos, aliados a índios selvagens. Deste entrechoque resultaram várias perdas humanas. O Comendador possuidor de espírito religioso apegou-se a Santa Filomena, prometeu mandar construir uma capela em sua homenagem se saísse ileso da refrega. As flechas paralizaram-se. Os negros fujões e os índios desapareceram. Pau Real cumpriu a sua promessa. O lugar, onde se deu a luta passou a ser denominado de “Hora Apertada”.
A MANUFATUREIRA E O DESENVOLVIMENTO
Codó é essencialmente agrário. Como o Município produzia algodão de excelente fibra, o melhor do Estado, o empresário de origem portuguesa Emílio José Lisboa e importante grupo econômico resolveram fundar em Codó a Companhia Manufatureira e Agrícola do Maranhão. Era uma indústria que se dedicava à tecelagem. Os tecidos fabricados de maior venda eram o “Floriano” e o “Itapicuru”.

Emílio Lisboa contratou os serviços profissionais do competente engenheiro Palmério Cantanhede para montar a fábrica. João Pedro da Cruz Ribeiro, João Ribeiro, era um dos diretores. Possuidor do espírito administrativo, organizador, sensato e empreendedor, coubera-lhe a tarefa de organizar o quadro de empregados da nova empresa. Houve problemas em encontrar operários locais especializados, não só para os teares, como também, para outros serviços específicos. Codó abrigou pessoas vindas de diversas partes do Estado para disputar uma vaga nos serviços burocráticos ou na mão de obra especializada.
No ano de 1892, funcionava parcialmente a fábrica de tecidos. A sua inauguração oficial, integral, aconteceu em 1893¹. Nascia, então, a primeira grande indústria da cidade. Outras deveriam aparecer. O progresso não parava. Faltavam, no entanto, meios de transportes e de comunicações, se penoso era atingir o interior do estado, muito mais era alcançar a capital, com o enfrentamento de uma viagem desconfortável em navios gaiolas, navios que encalhavam em bancos de areia. O curso do rio Itapicuru não era profundo, variava o seu calado conforme a estação do ano.
A ESTRADA DE FERRO E ‘Maria Fumaça”
A campanha para a construção da Estrada de ferro tornou-se mais ativa. Os parlamentares maranhenses passaram a propagar no Congresso Nacional as vantagens que traria para o Nordeste a construção da referida estrada. Bastaria a apresentação de um projeto de lei fixando o seu trajeto e dotando-o dos recursos financeiros necessários para a implantação da obra. O Senador Benedito Leite encarregou-se de apresentá-lo aos seus pares no Senado Federal.

Codó é carente de transporte coletivo. A cidade cresceu e não há meios de locomoção, principalmente para a classe humilde. Existem na cidade alguns postos de táxi e de motos, os quais servem precariamente aos seus usuários.
Codó se comunica através de rodovias com outras localidades vizinhas ou longínquas e com a capital do estado. Partem para o interior do município, diariamente, velhos caminhões adaptados ao transporte de passageiros, há combis que lembram as antigas marinetes que trafegavam no interior do Nordeste.
O primeiro transporte que serviu ao município foi o fluvial, através do rio Itapicuru. Barcos, navios chamados gaiolas, balsas, canoas singraram as suas águas. Apareceu, a “Maria Fumaça”, em 1921, atirando fagulhas e poeiras nos passageiros. Era a estrada de ferro que chegava, beneficiando e dando impulso ao desenvolvimento das cidades por onde passava.
João Batista Machado.
Parabéns cidade do Codó pelos seus 118 anos
2 Respostas
Vc teria o contato do dono da foto de Luís José Nicolau Henrique. Ele é da minha linhagem familiar. Sou de Imperatriz.
Um historiador local nos informou que JOÃO BATISTA MACHADO, já falecido escritor, recebeu esta foto de TOLENTINO DE DEUS HENRIQUE (não sei se, também, já falecido). Deste não temos contato.