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Recordo-me do final da década de 1980 quando o PT fora construído em nossa cidade. Naquele período, tínhamos uma ideia meio que utópica de pensar a política, a relação do partido com a sociedade civil, a questão democrática, o movimento social, a qualidade do serviço público, a luta pela reposição das perdas salariais aos servidores públicos em decorrência da galopante inflação que beirava o percentual de 84% (era Sarney); enfim, a questão da conquista do poder e sua conseqüente transformação.

Professor Jacinto Junior
Professor Jacinto Junior

O prodigioso trabalho hercúleo desenvolvido por nós – aqui, cabe uma observação: o pluralismo democrático que predominava internamente constituía a mola mestra de todas as ações articuladas pelo Coletivo e, essa tática, contribuía para a nossa organização e fortalecimento enquanto instrumento de luta – tinha como pano de fundo a divulgação do programa de nosso partido. Pensávamos que, a partir e, dessa estratégia chegaríamos ao poder; ou seja, somente por intermédio da conscientização.

De fato, tal processo revelava nossa ingenuidade teórica e falta de habilidade política para compreender os meandros mais ardis no interior de uma disputa pelo poder político. Não quero entrar no mérito da questão aqui, mas, apenas induzir alguns elementos essenciais que denotam as características fatalistas no cortejo da ideologia neoliberal para os partidos que anseiam conquistar o poder de forma antecipada, por meio das alianças escusas e espúrias inclusive, unindo-se a inimigos históricos. E, em seguida, adocicar a sociedade e o movimento social com o discurso neoliberal da governabilidade e da flexibilidade.

O PT codoense – pós-moderno – já apreendeu com muita rapidez esse mecanismo e, a partir dele, desloca para o centro da gravidade a flexibilização do projeto alternativo         que desejava implantar em nosso município. Contudo, o resultado desse processo equivocado trouxe para o partido dividendo negativo e depreciável. Basta olharmos os dois últimos processos eleitorais -2008 e 2012 – para constatarmos sua infringência e, ao mesmo tempo, sua derrota moral ante a comunidade codoense.

A decadência petista codoense inundou o espírito de seus membros e filiados principalmente os de “destaques” de tal modo que, a priori, o principio da razoabilidade se perdeu no caminho e fora substituído pelo o da individualidade e o do interesse particular. A perspectiva histórica projetada inicialmente pelo Coletivo de utopistas sofreu e sofre paulatina e sucessivamente golpes e traições, a ponto de gerar uma profunda fissura interna que nunca mais teriam condições de serem consertadas, pois, o concerto agora é voltado para o campo oposto num claro gesto de subordinação ao capital neoliberal local. A liberação das alianças com o campo da direita permitiu a contaminação daqueles menos escrupulosos e, assim, redesenharam a tática e a estratégia do PT numa perspectiva política suicida.

O petismo codoense envelheceu, se fragmentou e com ele toda a camarilha que hoje, arvora-se detentora exclusiva da legenda e moldam a caricatura do modernismo por intermédio das alianças pontuais.

Nenhum dos violentos pós-modernistas defensores das alianças pontuais percebeu ainda o quanto fora produzido em prejuízo para o PT, essa nova cultura e tática política. Como exemplo, a discussão da candidatura própria que deixou de ser objeto prioritário e tornou-se bandeira da negociação cordial entre as forças e correntes de natureza conservadoras e de extrema direita.

Com todo respeito que tenho pelo histórico do PT, mas, lamentavelmente, o PT conseguiu destruir a si mesmo e o sonho de uma comunidade inteira. Só restam estilhaços de esperanças espalhadas pelos quatro cantos de nossa cidade querendo se reencontrar com a sua filha mais nobre: a ética. Mas isso hoje é impossível pulsar como sangue quente em nossas veias revolucionárias.

É impossível pensar numa sociedade verdadeiramente democrática se não for considerada a plenitude da ética na política como elemento intrínseco da beleza social.

O discurso dos petistas pós-modernos está nivelado por baixo, não há mais coerência e nem mesmo caracteriza-se mais pelo sintoma da inevitável transparência; é, em essência, semelhante ao dos conservadores e direitistas. Tudo se tornou nebuloso e misterioso. Ao que parece, o projeto político pretendido, agora, assume descaradamente as feições do neoliberalismo e da pactuação circunstanciada. Assim, fica patente a impossibilidade de o PT promover a mudança radical que tanto confrontou com a direita local e nacional.

A DISPUTA EM 2014: UMA ABORDAGEM NECESSÁRIA

A nova direção petista pós-moderna de maneira tosca e amplamente equivocada tenta criar um fato político que resulte em dividendos aos pretensos candidatos apresentados pela legenda vermelha. Vamos aos fatos e… opa! … desculpe-me, mas, não vejo fatos novos que possa ser avaliados com seriedade; contudo, consideremos os argumentos falaciosos emitidos pelos arrasadores lideres falangetas: há rumores de que um membro do PT cuja reputação é discutível, tem a pretensão de se candidatar – um cargo importante – no campo proporcional, pois, no passado não tão eqüidistante gerou um furacão em sua vida como homem público; mas, deixemos de lado esses pequenos incidentes e olhemos para os grandes com a devida atenção.

Avaliar essa tática lançada pelos falangetas (petistas pós-modernos) no afã de, amanhã, estarem nos meios de comunicação arrebatando o nome do mesmo candidato operoso que obtivera tantos votos e, portanto, é um nome forte e tem cacife para disputar de ‘igual para igual’ no pleito  de 2016 com reais chances de vencer. Essa será a estrondosa articulação dos falangetas! Essa cantilena (quem não se lembra?) já fora pronunciada por diversas vezes e nunca se formalizou concretamente

Aqui é importante indagar o motivo pelo qual o PT deixou de apresentar sua candidatura própria. Uma vez mais, os ‘pós-moderninhos’, clamaram aos quatro ventos uma grande mentira! Isso se repetirá em 2016! O PT deixou de ser um partido de vanguarda para se tornar um partido da ordem vigente e, esse novo caminho realinhado – o caminho do neoliberalismo – tem sido profundamente prejudicial para os verdadeiros utopistas e aos próprios pós-modernistas, pois, a cada decisão tomada ao inverso, instaura e agrava a crise internamente e o PT perde em credibilidade.

Lamento mais uma vez, pelo modo esgueirado como a falangeta vermelha pincelada pela paixão neoliberal tenta a qualquer custo, impor uma realidade ilusória aos petistas de baixo e que roça ao servilismo e deita no lamaçal a magistral biografia petista. Nada poderá restituir a imagem original deste partido da forma indecente como ele tem sido conduzido ao longo do tempo, na verdade, há um sentimento coletivo de vergonha ante essa conjuntura.

A elite dominante local conseguiu demolir as bases nodais do PT com o visceral apoio dos falangetas (petistas pós-modernistas); mas, a história fará justiça e nenhum destes que contribuíram para o desmantelamento do PT escapará à sua fúria. Terão sua amaldiçoada recompensa – como Judas Iscariotes recebeu a sua pela traição a Jesus e, logo em seguida, é devorado pela morte e pela história – pela imprudência e pelo diletantismo em defesa do fugaz e encantador discurso neoliberal que os corroeu ideologicamente.

A elite dominante hoje se alegra com o feito ao PT e aos miseráveis subservientes falangetas que, agora, não passam de ‘meninos de recados’ para essa pária social entorpecente e abastada!

O PT fez sua escolha política e incorreu em grave erro. O discurso lastreado de revolta e indignação com a realidade política local e, acima de tudo, pautado na radicalização democrática, têm como pano de fundo, apenas um sentido simbólico, pois, sua essência desvirtua sua real aparência.

O tom disseminado pela nova direção é contrastado com a sua dramática situação política perante o olhar da comunidade codoense – isto é, por conta das alianças mal sucedidas, o eleitor codoense mandou recado aos miseráveis pseudopetistas que se candidataram, rejeitando os seus respectivos nomes ao parlamento municipal e, com um adendo: a rejeição permanecerá em relação aos petistas pós-modernos. Percebe-se a sua progressiva dissolução e decadência na insolúvel e interminável guerra de nervos imposta pela burguesia financeira local para aniquilar, definitivamente, o que restava de bom nesta legenda; e o resultado disso tudo é a sua perspectiva em bancarrota. Adeus PT, adeus projeto original de mudança.

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