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Quem mora em Codó já deve ter visto um senhor ouvindo músicas, de gosto mais requintado, usando uma vitrola e discos de vinis em plena Avenida Augusto Teixeira, uma de nossas principais vias.

Eu também,mas resolvi conhecê-lo um pouco mais.

Se chama Wandy Oliveira, colecionador de vários gêneros musicais em vinil que o encontrei a tocar  numa vitrola ano 1986, sob uma  manhã de sol ameno do primeiro dia do ano de 2024. No bate-papo, ele abriu memórias afetivas lindas e, ligeiramente, as conectou com toda a história por trás do bom hábito de ouvir canções, por que não, à moda antiga.

“Em primeiro lugar é lembrança do meu pai, isso aqui meu pai me deixou (radiola) 1986 e os vinis. Como eu gosto de rock, comprei meus rocks e o meu pai trouxe os discos dele, que gostava, Roberto Carlos, tem de tudo aqui, então é preservar a memória do meu pai e da minha mãe, este é o segredo”, disse-me em tom de satisfação exposto na forma como se expressou e em seu rosto já marcado por tantas saudades.

Os amigos novos, como eu, e os mais antigos logo foram chegando enquanto nossa conversa fluía. Segundo seu Wandy, o hábito ajuda a preservá-los.

“Preservar amizades, você é uma amizade nova, mas seja bem-vindo, amém, quem tá filmando (Laurêncio Muniz) é uma amizade antiga”, disse

Verdade constatada, o empreendedor Laurêncio Muniz é prova disso, da preservação. Ele nos ajudou a lembrar características marcantes dos vinis, como o indiscutível chiado, como a agulha deve ser tratada com sensibilidade absoluta e tudo mais.

Lembrou que, naquela época, vinil não era para muitos o ano inteiro. A maioria das famílias, até por questões financeiras, esperava o fim do ano para adquirir um, principalmente do rei Roberto Carlos.

“É o primeiro contato, na primeira infância era o vinil e o rádio. O contato da música que chegava até a gente era através do vinil e do rádio, a gente ouvia o rádio e, consequentemente, os vinis que as famílias adquiriam sempre na data de Natal”, contou-nos  Laurêncio

HERANÇA REQUINTADA

Ao revirar o baú, com sua permissão, logo damos de cara com The Feveres, Demônios da Garoa, IRON MAIDEN, Belchior, Agnaldo Timóteo, Genivaldo SAntos, Costinha e o disco O PERU DA FESTA, Marchinhas de Carnaval.

Os gêneros se misturam porque foi  nesta atmosfera que Wandy Oliveira foi criado.

“De Pink Floyd a Altemar Dutra, tudo nessa linha – PERGUNTO, QUEM CURTIA WALDICK SORIANO ERA O SENHOR OU O SEU PAI? Ambos, responde e continua – eu fui criado assim, fui criado dentro da música, ambiente musical”, afirmou

Foi um enorme prazer estar com Wandy Oliveira, a quem me permito intitular como o nosso GUARDIÃO DO ROCK e agora, mais do que nunca, guardião de uma herança musical que virou exemplo para qualquer geração que não viveu a vitrola e os vinis.

Creio que seu legado vá além e alcance  ainda aquele que não desenvolveu o senso de respeitar as memórias de nossos pais.

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